quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

QUESTIONAMENTOS SOBRE DEUS - Laurinda


"Que Deus é esse que permite que seus filhos morram de fome?
Que Deus é esse que deixa seus filhos se entregarem aos vícios, aos jogos, a luxúria?
Que Deus é esse que autoriza a Mãe Natureza procriar tantas catástrofes?

Essa e outras perguntas que seguiam a mesma linha de pensamento me acompanharam por toda a vida em mais de uma encarnação.

Depois de séculos na ignorância fui chamado à Luz do Conhecimento e percebi que não somente questionei, mas também blasfemei. Recolhi-me em minha insignificância, pois quem sou eu para questionar o Criador e suas leis?

Em minha última encarnação, estive em um corpo de mulher, pois além de ser necessário para meu espírito, eu também teria que ter algumas limitações que as mulheres daquele tempo tinham. Mas mesmo no corpo feminino continuava a questionar, até apanhar de meu pai quando ameaçada de excomunhão no período do catecismo. Porém, como dizia uma famosa personalidade de meu tempo de encarnada, Pagu, “Podem calar minha boca, mas jamais calarão minha alma.” E assim continuei em meu íntimo perguntando e até mesmo negando a existência de Deus.

Até que veio o casamento e a maternidade. Aos poucos fui me transformando e quando meu pequeno nasceu tão fraco e adoentado veio o desespero e junto com ele mais uma vez a descrença. Numa noite fria e de muita chuva percebendo que aquele ser tão pequeno era o meu mundo, era a razão de tudo pra mim, roguei a Deus, a seu Filho, a sua Mãe que por certo deveria me entender naquele momento, que ajudasse meu pequeno, que ele reagisse aos medicamentos, duas horas depois a melhora veio, e o dia amanheceu ensolarado na minha vida e no meu espírito.

Passei a crer e ter fé.

Após muitos anos, veio o desencarne e na colônia em que fui recebida tive a oportunidade de estudar, de conhecer, de aprender e apreender muitas verdades. Vi quanto tempo perdido, quantas encarnações como cético, como ateu, arrogante.
Em meus estudos aprendi sobre a Lei da Atração, da Afinidade e muitas outras coisas que respondem a todas as questões que tornam o ser - humano amargo, arrogante, prepotente, insensível.
Irmãos acordem enquanto é tempo!
Deixem o sol nascer em vossas existências!"

Assinado : Laurinda (ou simplesmente mãe)

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : T.T.V.M.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ADOÇÃO E AS RAZÕES ESPIRITUAIS - Irmã Clarissa

"Atualmente muito se fala sobre a adoção! Discute-se sobre o abandono de nossos pequenos irmãos que ficam a mercê de casas institucionais, abrigos e até mesmo jogados na sarjeta. Fala-se da burocracia que é preciso enfrentar aqueles que desejam ser pais desses pequenos abandonados. Outros dizem que existe um grande perigo na adoção, visto que, a família que irá estender as mãos para um pobre necessitado não conhece sua procedência, sua descendência.

O que precisam compreender é que todos são irmãos em evolução, espíritos que se atraem por afinidade e necessidade de estarem juntos!

Isso acontece em todos os lugares, em todos os lares, nos seus empregos, nas suas escolas, nas suas reuniões mediúnicas, ou na religião que for.

Todos nós estamos ligados uns aos outros de forma direta ou indireta, por simpatia ou antipatia, pelos laços do passado.

No caso da adoção não é diferente!

Por um motivo muito especial, o Deus de infinita bondade e inteligência permite que um ser, um irmão chegue até nós sem os laços sanguíneos, mas pelos laços do pretérito. Esse pretérito que por uma benção dos céus não recordamos, mas temos consciência que todos somos devedores, imperfeitos, mas unidos pela fé e confiança no Cristo, estamos aprendendo e evoluindo.

E nessa evolução prestamos a caridade ao próximo. E uma dessas formas de caridade é afagar um pequeno abandonado, é dar comida quente, um teto para ampará-lo, braços e abraços que o protejam, sorrisos que o estimulem, mãos que o ensine educação e caminhar e um coração cheio de afeto, disposto a estar sempre amando e tendo a certeza que aquele ser que foi abandonado por sua mãe biológica não vos é estranho.

Que Jesus vos guarde na palma de suas mãos!"

Assinado : Irmã Clarissa
Data : Abril de 2007
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : T.T.V.M.

REFAZER O QUE FICOU IMPERFEITO - Josué


“Que as bênçãos de Deus Pai recaia sobre a consciência de cada um dos irmãos aqui presentes.

Dos invisíveis (a maioria) e dos visíveis.
Dos encarnados e dos desencarnados.
Dos duros de coração e daqueles que possuem um coração caridoso.
Dos bons e dos maus. Dos sábios e dos insanos.

Enfim, que Deus abençoe a todos os habitantes deste mundo.

A morte nada mais é do que uma etapa nova nesta jornada que por certo tempo é humana e por tempo igual ou superior é espiritual. Entendamos as dádivas do Pai conforme a sua vontade. Tudo é como deve ser. O livre arbítrio quando abusado, quando rechaçado, nada mais nos traz do que um tempo a mais nesta jornada, muitas vezes de sofrimento.

Temos o livre arbítrio? Sim.
O que acontece quando ele é usado indevidamente? Nada.

Nada além de um tempo que não pára e não volta. Mas nós sim, teremos de voltar e refazer o caminho que deixamos para trás.

Escolhemos o caminho errado Há como voltar atrás? Sim. Sempre. Embora devêssemos usar o tempo para a nossa evolução. É como não fazer a tarefa de casa e a mesma se acumular para a próxima aula. Ou é o mesmo que repetirmos de ano e ter de fazê-lo novamente no ano próximo. Tempo perdido? Não! Nunca! Mais um ano de aprendizado e de evolução. Na verdade há a necessidade de alguns refazerem o ano, o tempo; pois só assim a caminhada continuará de onde deveria, sem que fiquem coisas mal resolvidas. Deus em sua infinita bondade nos dá essa oportunidade de refazermos o que não ficou perfeito.

Ficaremos parados no tempo? Sim... até que estejamos em condições de continuar de acordo com os ensinamentos do nosso Irmão Maior.

Não pensemos em morte como fim, mas como uma libertação e uma oportunidade abençoada de rever nossos atos e ações, para que aprendamos com nossos erros e com eles possamos progredir e aprender e galgar mais um degrau nesta escada que se chama vida eterna.
Deus os abençoe sempre. Com carinho."

Assinado : Josué
Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : S.A.O.G.

sábado, 26 de janeiro de 2008

O FRIO QUE VEM DE DENTRO


Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. O primeiro homem era racista e um deles tinha a pele escura. Então, raciocinou consigo mesmo: "Jamais darei minha lenha para aquecer um negro".

O segundo homem era um avarento. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro, pensou: "Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso", nem pensar. O terceiro homem era negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina.

Seu pensamento era muito prático: "Eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem". O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos e pensou: "Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha." O quinto homem era um sonhador; estava preocupado demais com suas próprias visões para pensar em ser útil. O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. "Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho."

Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente apagou. No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados. Olhando para aquele quadro, o chefe da equipe de socorro disse: "O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro".

* * *

Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você. Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam. Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja.

Equipe de Redação do Momento Espírita,
com base em história de autoria ignorada. Leia texto integral.

ELES NÃO SABEM - Emmanuel

Não pares de trabalhar e servir porque essa ou aquela desilusão te amargou os sentimentos.
Os ingratos são portadores de moléstias da memória.

Os agressores carregam brasas no pensamento.
Os delinqüentes são enfermos dos mais infelizes.

Quando semelhantes companheiros te surgirem na vida, perdoa sempre.

Eles não sabem quantas nuvens de dor estão amontoando sobre a própria cabeça.


De "Livro de Respostas", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel)

PERDI O CONTROLE DO CAMINHÃO - Anselmo

“Foi há muito tempo atrás. Não havia a rodovia nova que liga à Baixada Santista. Eu transportava combustível pela estrada velha, quando perdi o controle do meu caminhão. Bati com muita força. Fiquei prensado na cabine e fiquei ferido muito gravemente nas costas. Infelizmente não resisti...

Deixei família, mulher e filhos. Também fiquei triste, pois não havia pagado todo o meu caminhão; só que desse lado não existe conta para pagar em relação a bens materiais.
Estou sendo cuidado por vários médicos e enfermeiros. Estão fazendo uns curativos em mim. Fico feliz por terem me ajudado. Deus abençoe, muita saúde e paz no coração".

Assinado : Anselmo (SBC)

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : A.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

REENCARNAÇÃO - CAMINHO DO APRENDIZADO

Depende de que tipo de aluno você é! Bons alunos se esforçam, aprendem rápido e passam de ano. Maus alunos dão trabalho, deixam tudo pra cima da hora, não prestam atenção e recla­mam surpresos quando não passam de ano. Antes de mais nada, precisamos encarar esse fato atordoante. Estamos aqui para aprender. O problema é que, embo­ra estejamos todos na mesma escola, as lições são diferentes para cada um. Lembra da máxima do filósofo e piadista Renato Rodrigues? "Cada um tem seu cada um". É burrice forçar alguém a aprender algo para o qual ela não está pronta. Eis porque não vale a pena brigar com pessoas que simplesmente pensam dife­rente. Devemos tentar entendê-las e conviver com elas. Nada mais.

As formas de aprender são extremamente ricas. Aprendemos nas pequenas coisas e, claro, nas grandes (às vezes, são tão grandes que não conseguimos ver). Aprende­mos em família, com amigos, com inimigos e com o mun­do a nossa volta. Daí a noção de que estamos onde deveríamos estar, pois há algo na nossa situação tentando nos ensinar alguma coisa. Quando estamos na pior, deprê, sem dinheiro, frustrados por qualquer coisa, devemos procurar a lição em­butida nisso. Nada vem sem sua dose de aprendi­zado. Momentos felizes nos ensinam coisas, tanto quanto os tristes. A diferença é que tendemos a não prestar atenção nos momentos felizes e por isso temos que passar pelos tristes (...) . Só que às vezes a reguada dói...

Como sempre digo, temos duas formas de aprender: por bem ou por mal. Crescemos com o conceito de sofrimento que leva ao paraíso e nos viciamos a escolher não necessariamente a porta mais estreita, mas com certeza, sempre o caminho mais doloroso. Eis porque parecemos muitas vezes nos auto-boicotar, seja em relacionamentos, seja na carreira profissi-onal.

E duro termos que encarar a verdade agora. Sofrimento não tem nada a ver com aprendi­zado. Você pode sofrer como um coitado e nem por isso aprender alguma coisa. Também podemos viver plenamente sem dor e aprendermos mui­tas coisas. Tudo é uma questão de reaprender­mos a ver o mundo. Por exemplo, quando algo dá errado por causa de algo que fizemos, não é um castigo divino. E mui­ta presunção de nossa par­te acreditar que a Divin­dade presta tanta atenção assim em nós a ponto de monitorar cada passo em busca de uma oportunidade de castigo. Devería­mos substituir a frase "Deus castiga..." por "Deus ensina...". Quando erramos, esse erro se voltará contra nós. Isso é fato, mas não um castigo. E apenas uma forma da Providência nos mostrar que o erro que cometemos doeu em outra pessoa e que a dor dos outros é também sua. Algumas pes­soas não precisam sentir isso para entender essa simples lição de empatia, mas outras ainda se di­vertem torturando animais e provocando dor em seres humanos, física e emocionalmente. É o caso de diversos maridos violentos, traficantes cruéis e pitt-boys sem noção. Assim, a Providência vai dar um jeito de explicar isso a eles (...).

Como não recebemos um manual de instru­ções dizendo qual o nosso cronograma de aulas, muitas vezes demoramos a entender qual é a lição que temos que aprender. Uma boa dica é viver a vida com olhos mais abertos. Olhe as coisas mais profundamente. Procure entender a raiz de seus sentimentos, bons e maus. Muitaz vezes, culpamos uma pessoa ou uma situação quando o problema está dentro da gente.

Nem tudo o que vivemos é efeito de nossas ações e escolhas. Também estamos sujeitos às ações e escolhas dos outros. Conversando com um amigo certa vez, lembro como ele estava frustrado e revoltado com o fato de não estar imune à uma magia, uma vez que ele era cristão. Seus argumentos eram até interessantes: "Eu escolho não participar disso e não é justo que eu possa ser atingido". Mas as coisas não são bem assim. Você pode escolher não ser assaltado, mas isso tam­bém depende do ladrão. Podemos escolher não pegar um engarrafamento, mas isso depende de um monte de motoristas estressados. A partir do momento em que vivemos no mesmo planeta, as ações de um interferem nas dos outros. Não parece muito jus­to, mas isso também faz parte da lição. Devemos aprender a viver juntos e entender que tudo o que fazemos gera um efeito.

Outra coisa : nem tudo que vivemos é efeito. As vezes, é a causa. Ou seja, criamos uma situação que antes não existia. Vamos dizer, por exemplo, que você, agora, sem mais nem menos, resolva ajudar um mendigo na rua. Você lhe dá dinneiro, compra-lhe roupas, leva-o a um restaurante e lhe oferece um emprego. Supondo que o mendigo lhe fique grato para o resto da vida, há duas possibilidades aí: ou você já conhecia esse mendigo de outras vidas e lhe devia algo que está pagando agora, mesmo sem saber; ou você acaba de conhecê-lo e, numa vida futura, ele lhe pagará em dobro a bon­dade que o tirou das ruas. O mesmo funciona para ações ruins. Podemos criar um inimigo nesta vida ou simplesmente reviver uma inimizade de outras vidas. Tudo isso tem a ver com o carma e o dbarma, dos quais falaremos a seguir.

Por Eddie Van Feu
Este é o sexto artigo de uma série de postagens, elaboradas a partir de um trabalho original de Eddie Van Feu, escritora e jornalista, que faz do assunto vidas sucessivas um tema apaixonante.
Extraído da série "
Wicca", n. 35 (Reencarnação), Editora Modus


PASSARAM A FACA EM MIM - Ge


“Sou daquela região do Norte e Nordeste, para ser preciso Pernambuco. Vim para São Paulo para tentar a vida, vendem aquela ilusão para nós. Trabalhei em obra, com o servente; foi quando num desentendimento passaram a faca em mim. Pegou na barriga e, como se fala, toda a buchada saiu para fora.

Tentaram me socorrer, mas foi em vão, já estava morto.

Só sei que fui parar na rodoviária, escutei um homem falar que tinha serviço para esses lados. Eu estava escondido em uma obra. Um outro falou para eu acompanhar ele, pois receberia ajuda. Tem um montão de gente aqui, gente boa, gente ruim. Já estão me ajudando.

Fiquem com Deus.”

Assinado : Ge

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : A.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

PENSEM NA LUZ - Hermes da Fonseca


“Sempre que vislumbrarem uma cena de violência,
pensem na luz.
Sempre que virem um pobre necessitado,
pensem na luz.
Sempre que ouvirem falar de algum atentado,
pensem na luz.
Sempre que souberem se algum irmão perdido nos vícios mundanos,
pensem na luz.
Sempre que lembrarem ou assistirem a cenas de grandes batalhas e guerras,
pensem na luz.

Só a Luz de Deus pode salvar o mundo.”

Assinado : Hermes da Fonseca

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : T.T.V.M.

FUI UM SOLDADO NAZISTA - Hans Van Fredek

“A idéia de sermos a raça pura, os melhores, os arianos... fez com que eu entrasse para o Exército (na República Alemã de Adolf Hitler). Seríamos os donos do mundo, não haveria fome, miséria... Porém, o sofrimento começou quando fui designado pelo meu Comando para ser soldado de guarda de um Campo de Concentração. Formava filas de homens, mulheres e crianças para serem mortos através de gás, forno etc. Fiquei neste lugar por três anos, (passando) frio e calor. Quando a resistência começou a combater de igual para igual me designaram para a região da Itália

Fui combatente lá. Em uma batalha, na verdade assalto como se fala no Exército, quando abordamos o inimigo de surpresa, fui atingido por um tiro no peito.

Desde então ficava vagando por esse mundo.

Convidaram para eu ser tratado aqui. Vou ficar. Agradeço pela ajuda.”

Assinado : Hans Van Fredek
Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : A.

domingo, 20 de janeiro de 2008

ABRAÇO DE DEUS


É uma avó que conta que certo dia sua filha lhe telefonou do pronto-socorro. Sua neta, Robin, de apenas seis anos, tinha caído de um brinquedo no pátio da escola e havia se ferido gravemente. Quando chegaram, as irmãs menores de Robin correram para os braços da mãe. Robin entrou silenciosa na casa e foi se sentar na grande poltrona da sala de estar. O médico havia suturado a boca da menina com oito pontos internos e seis externos. O rosto estava inchado, a fisionomia estava modificada e os fios dos cabelos compridos estavam grudados com sangue seco. A garotinha parecia frágil e desamparada. A avó se aproximou dela com o máximo cuidado.

“Você deseja alguma coisa, querida?”, perguntou. Os olhos da menina fitaram a avó firmemente e ela respondeu: “Quero um abraço.”

À semelhança da garotinha machucada, muitas vezes desejamos que alguém nos tome nos braços de forma protetora. Quando a alma está cheia de curativos para disfarçar as lesões afetivas, gostaríamos que alguém nos confortasse. Quando dispomos de amores por perto, é natural que peçamos: abrace-me. Escute-me. Dê-me um pouco de carinho. Contudo, quando vivemos sós, não temos a quem pedir tal recurso.

Então, pensemos em quem é o responsável por nós. Quando não tivermos um amigo a quem telefonar para conversar, conversemos com nosso Pai. Sirvamo-nos dos recursos extraordinários da oração e digamos tudo o que Ele já sabe, mas que nós desejamos contar. Falemos das nossas incertezas e dos nossos dissabores, sobre as nossas decepções e nossos desacertos. Não importa como o chamemos. Ele sempre está pronto para abraçar sem impor condições. E se descobrirmos que faz muito tempo que não sentimos esse abraço divino, tenhamos a certeza de que faz muito tempo que não o pedimos.

* * *

Victor Hugo, poeta e romancista francês escreveu um dia: tenha coragem para lidar com as grandes tristezas da vida. E paciência para lidar com as pequenas. E, depois de ter cumprido sua tarefa diária, vá dormir em paz.

Deus continua acordado. Deus está sempre acordado, e velando por nós.

Equipe de Redação do Momento Espírita a partir do livro "Histórias para o coração da mulher", de Alice Gray. Leia texto integral.

sábado, 19 de janeiro de 2008

CRIANÇAS NO ALÉM



Sempre nos despertou grande curiosidade a sorte das crianças após a “morte”, bem como a possibilidade de intercâmbio com aqueles que tenham se despojado prematuramente de suas roupagens carnais. A questão aparece no "Livro dos Espíritos" : 'Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor?' . A resposta : “Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo.”

Ocorre que esse desligamento será tanto mais rápido quanto mais elevado for o grau evolutivo do Espírito em questão. No Brasil, um triste episódio marcaria o casal Francisco e Terezinha Cruañes. Foi em tarde ensolarada, numa fazenda do interior de São Paulo, quando a pequena Fernanda Cruañes, de apenas quatro anos de idade, caía do trator em que se encontrava, vindo a desencarnar em 08 de agosto de 1981. Menos de doze meses após o ocorrido, exatamente em 30 de julho de 1982, Fernanda se manifestava atra­vés da mediuni­dade segura de Francisco Cân­dido Xavier, em comunicação reproduzida na obra "Estamos no Além", solici­tando aos seus pais que não se entregassem tanto ao desespero, como freqüentemente vinham fazendo, posto que todas aquelas sensações de sofrimento lhe eram integral­mente transmitidas.

Informações igualmente preciosas nos deu André Luiz, em sua obra inti­tulada "Entre a Terra e o Céu", psicografada por Francisco Cândido Xavier. Conta-nos ele que, em determinado momento no plano espiritual, passa a ouvir uma suave melodia; ao se aproximar, percebe que a música era entoada por um coro de crianças felizes e sorridentes, em meio a paisagens de rara beleza. Ele se en­contrava no Lar da Bênção — um misto de escola de preparação para a maternidade e abrigo para espíritos que haviam desencarnado na infância. Alguns deles, naquele exato momento, recebiam a visita de suas mães, ainda encarnadas, que para lá se deslocavam por ocasião do sono físico. André Luiz, então, fascinado com o que via, questiona se haveria ali cursos primários de alfabetização; ao que a dirigente daquele educandário responde afirmativamente, pois que se tratava de um verdadeiro estabelecimento de ensino no além, que abrigava, à época, cerca de dois mil espíritos desencarnados em tenra idade, que lá per­maneciam até reunir condições para retornar ao plano físico, o que se dava, na maioria das vezes, antes que o Espírito retomasse sua compleição adulta.

Há, portanto, espíritos que, tendo desencarnado na infância, em retorno ao plano espiritual reassumem em curtíssimo prazo a forma adulta que tinham antes de reencarnar, ou, ainda, outra apresentação perispiritual que lhes convenha, sempre de acordo com suas potencialidades. Entretanto, o Espírito André Luiz, ainda na obra "Entre a Terra e o Céu", nos afirma que essas são exceções, pois que a maioria dos seres que estagiam no planeta Terra necessitam de longo espaço de tempo e total amparo da Espiritualidade para se desvencilharem dos impositivos da forma infantil.

* Este artigo é ilustrado por desenho mediúnico do espírito Mariana.

Leia texto integral no site Terra Espiritual

VIVI INTENSAMENTE - Bárbara Silveira

“Eu não queria me comunicar. Acho que não sou digna de receber tanta atenção. Vivi como encarnada por 29 anos. Desde criança sempre fui muito ativa, cresci rebelde como a maioria dos jovens dos anos 60 e 70.

Posso dizer que vivi intensamente cada minuto desses 29 anos. Filha de pais que possuíam algum status na sociedade, sempre tive tudo o que queria. E eu queria muito, cada vez mais!

Experimentei todo tipo de barato que podia existir na época. Ficava muito alucinada. Era capaz de fazer as maiores barbaridades que uma mulher pudesse fazer e eu fazia porque tinha a consciência que papai me protegeria. Ele era influente na sociedade e além do mais eu exercia um poder sobrenatural sobre ele. Era como se eu o hipnotizasse.

Até que um dia, não me conformando com uma gravidez totalmente indesejada, usei todo tipo de barato que chegou às minhas mãos. Me matei e matei a pobre criança que carregava no ventre. Não entendo o por quê cometi tal atentado, visto que já havia interrompido outras gestações. Mas essa, por um motivo que ainda desconheço, me trazia angústia e repugnância.

Vocês, estudiosos, devem imaginar o quanto sofri. Quais os tormentos que passei. Quantos cobradores me perseguiram.

Depois de algum tempo atemorizada com esses perseguidores, cansada de ouvir o choro de todas as crianças que abortei e sentindo falta de tudo aquilo que estava viciada, implorei ajuda àquele que sempre me defendeu : meu pai. Foi então que fui socorrida, trazida para esta casa para receber auxílio. Aqui cheguei transtornada, mas essa luz maravilhosa trouxe um misto de paz e anestesia.

Me recuperei aos poucos. Ou melhor, ainda me recupero. Estudo muito, faço exercícios mentais. E hoje, mais uma vez, vocês dedicam a atenção a esse espírito desregrado, que ainda engatinha nas verdades divinas.

Gostaria de agradecê-los. Obrigada por tudo e lhes devolvo a luz que me deram em preces e desejos sinceros de que possam auxiliar mais e mais.”

Assinado : Bárbara Silveira
Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : T.T.V.M.

ROUBO DE CARGA, FOI O QUE ACONTECEU - Abel

“Roubo de carga, foi isso que aconteceu para eu vir parar aqui, estava viajando para Cuiabá, quando percebi o primeiro bloqueio. Passei por ele e não parei; mas não consegui passar pelo segundo. Fui baleado no lado esquerdo do rosto.

Perdi o controle do caminhão, tombou, virou noventa graus. Só me recordo que falavam muitos palavrões e pediam pressa para levar a carga de soja.

Vi tudo o que ocorreu... (Depois soube que eles foram avisados) que eu passaria por ali, por isso que fizeram o bloqueio.

Fui ser caminhoneiro porque estava no sangue. Era estudado, curso superior, mas adorava estar à frente de um volante.

Fico feliz por hoje estar na casa recebendo ajuda nos meus ferimentos. Não tinha esposa, nem filhos. Deixei apenas minha mãe e irmão. Meu pai havia falecido um ano antes de acontecer isso comigo. Agradeço a todos."

Assinado : Abel

Nota da psicógrafa: O espírito comunicante refere que os fatos narrados ocorreram no ano de 1980.

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : Alexandre

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

ONDE ESTÁ MEU NOIVO ?! - Luciana


"Eu não acredito que possa ter acontecido.
Me digam que não morri, que é um sonho e que eu vou acordar.

Estava para me casar.
Tudo aconteceu quando saía de uma festa. Estávamos todos muito felizes. Onde está meu noivo? Ainda não o vi.

Se morri... e ele ? Se ele também morreu, cadê?! Por quê não o encontro ?

Estou perdida. Me sinto como se estivesse louca. Sinto as amarras. Por quê me prendem ? Por quê me trouxeram aqui ?

Não consigo mais fazer com que as pessoas me ouçam. Ninguém me vê. Estou desesperada. Me ajudem por amor a Deus.
Tudo me dói. Ainda sinto as dores do impacto.

Perdão mamãe Você avisou e eu não ouvi. Você me esperava e eu nunca mais cheguei. Não sei o que fazer. Ainda dói muito. Não sei rezar. Preciso de ajuda.

Assinado : Luciana
( Pai : Ernesto / Mãe : Laura )

Nota: A jovem foi orientada sobre seu atual estado, sobre as leis básicas da vida pós a "morte" e encaminhada a um serviço médico espiritual. Posteriormente, retornou, manifestando estar recuperada e trabalhando junto a jovens desencarnados.

Data : Junho de 2005.
Local : Sorocaba (SP)
Médium : S.A.O.G.

VOCÊ NÃO É VÍTIMA DA VIDA

No seu aprendizado diário, você encontra empeços variados ao longo do caminho, que parecem destinados a lhe desanimar no longo percurso. Muitas vezes você encontra os chamados “inimigos gratuitos”, os amigos faladores que o deixam em situações difíceis. Outras vezes se depara com enfermidades físicas, com as deficiências de caráter de tanta gente, o que lhe provoca profunda tristeza, pois são companheiros que não movem uma palha em seu favor, embora ocupem seu tempo sempre que encontram a mínima dificuldade. Desmoronam os anseios do cônjuge atencioso e afetuoso; dos filhos estudiosos, responsáveis, respeitosos; da família companheira capaz de suprir você de energias nas horas apertadas para o seu coração. Como se não bastasse, ainda surge a indiferença que o faz sentir-se solitário no mundo.

Contudo, seja qual for a luta que lhe caiba, seja qual for o testemunho que tenha de enfrentar, não se deixe desestimular, não se permita o abatimento. Você não é vítima da vida.

Encontra-se unicamente em processo de reeducação, tendo oportunidade de acertar-se com a vida que um dia desrespeitou em vários de seus aspectos. Você deve raciocinar que o bem ou o mal semeado na vida, da vida será colhido, e o seu desconsolo ou o seu desalento em nada colaborará para a resolução dos seus problemas. Deverá aprender a analisar melhor as situações pelas quais tenha que passar. Deverá aprender a perdoar, a compreender, a respeitar diferenças, a falar menos, a penetrar melhor as razões das coisas, a condenar menos, a ser mais indulgente.

O tempo implacável não pára. Assim, se você o aproveitar para aprender a crescer e ser feliz, ele o abençoará. Caso o desperdice, terá lançado fora o mais expressivo tesouro que nos é oferecido : o tempo. Não se perca nas teias do desestímulo. Confie sempre em Deus, que lhe dá sempre o melhor, dando-lhe chances de brilhar e ser feliz. Pense nisso!

Os obstáculos que surgem no seu caminho, não são para impedir seus passos, são desafios para serem superados. Cada vez que você consegue vencer uma dificuldade, sai dela mais fortalecido e mais confiante. Assim, não se deixe, jamais, desestimular em circunstância alguma, pois Deus confia no seu poder de vencer os impedimentos e vencer-se a si mesmo.

Baseado no capítulo 10 do livro “Para uso diário”,
Edição Fráter Livros Espíritas (Leia texto integral no site Momento Espírita).

domingo, 13 de janeiro de 2008

O COMPORTAMENTO EM ENTERROS E VELÓRIOS

A tradição do velório é realmente necessária? No momento que o corpo é velado, o espírito do desencarnado está presente? E na hora de seu enterro? Estas são algumas questões levantadas por uma leitora do blog em nossa Comunidade no Orkut e que, pelo interesse geral, decidimos compartilhar com todos. O fato é que aquele que se desliga do corpo, além do choque, via de regra tem as idéias ainda confusas. Mas cabe dizer que, embora seja possível dar uma visão geral sobre a situação, é evidente que não há uma regra única, pois não somos únicos e imutáveis. Logo, o que nos ocorre, inclusive a “morte” — que integra a própria vida, como aceita no Espiritismo —, depende de nossa trajetória neste plano, de nosso equilíbrio, de nossas escolhas e crenças.

O certo é que, ao deixar o corpo, cada um escreve sua própria história, dependendo da violência do desencarne, da agonia da doença e da paz interior. Por conta disso, todos entram numa fase de adaptação, que pode durar horas, meses ou mesmo anos, variando principalmente de acordo com sua evolução moral. Nas palavras de Javier Godinho : “Nessa passagem, o espírito prepara-se para longo sono, do qual despertará sem noção de tempo e espaço, até se adaptar à nova dimensão. Será como um mergulhador que retorna numa cápsula do fundo do mar para a quarentena de adaptação a seu ambiente natural”.

O “Livro dos Espíritos” ensina que a separação não se opera instantaneamente. A alma se liberta gradualmente e não escapa como um pássaro cativo que, de repente, ganhasse a liberdade. Esferas material e espiritual se tocam e se confundem e o espírito se liberta, pouco a pouco, dos laços que o prendem ao corpo. Os laços se desatam, não se quebram. Em vida, o espírito fica preso ao corpo através do seu envoltório semi-material (perispírito). A morte é a destruição somente do corpo e não do perispírito.

“A perturbação que se segue à morte -- completa Javier Godinho -- nada tem de dolorosa para o justo, aquele que esteve na Terra sintonizado com o Céu, errando por ser humano, mas decidido na prática sistemática do bem. Para os que viveram presos ao egoísmo, escravos dos vícios e ambições mundanas, a morte é uma noite, cheia de horrores, ansiedades e angústias. Nos casos de morte coletiva, todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre se revêem”.

No mesmo sentido, Richard Simonetti, no livro “Quem tem medo da morte?”, considera que aqueles que não cogitam na Terra "objetivos superiores", ficam retidos por muito tempo, até que consigam se afastar da matéria ou, ao menos, da sensação das necessidades materiais. Logo, não raro a presença do desencarnado em seu próprio velório. Por isto se diz que as conversas vazias e os comentários irresponsáveis, assim como os desvarios dos inconformados e o desequilíbrio dos descontrolados, repercutem negativamente na percepção de quem está indo embora. Temos o dever de contribuir para que os velórios, se necessários por tradição, se transformem em ambientes de serenidade.

Nessa hora a melhor prece é o silêncio. Conversemos o necessário, em voz baixa e, principalmente, falemos no “morto” com discrição, evitando pressioná-lo com lembranças e emoções passíveis de perturbá-lo, principalmente se forem trágicas as circunstâncias do seu falecimento. E oremos. Agindo de maneira diversa, pode ter certeza que a insensibilidade pode ser dolorosa a quem se despede.

O espírito precisa de vibrações de harmonia, que só se formam através da prece sincera e de ondas mentais positivas. Oração sentida e de bons pensamentos.

O choro, como já dissemos, não é proibido, mas deve limitar-se à saudade, jamais à revolta. Caso contrário, faremos da tradição de velar o corpo um sofrimento a mais àquele que já enfrenta a dupla dor do falecimento: o difícil desprendimento do físico e a “perda” de todas as pessoas que ama de uma única vez.

Leia mais em tópico da Comunidade Partida e Chegada

PRECE PARA QUEM ACABA DE MORRER

Diante da perda de um ente querido ou mesmo de um estranho, devemos nos valer da prece, além do sentimento de paz e fé, para buscar auxiliá-lo. Como ensina Kardec, a oração não servirá como um "testemunho de simpatia", mas, e principalmente, terá efeito de auxiliar-lhe o desprendimento e "abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar". Portanto, como dito, a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras. Importa tocar o coração e não falar à intelectualidade.

Mesmo por isto, a oração que trazemos é um mero exemplo, pois é preciso falar com o sentimento e, para tanto, na maior parte das vezes, sequer precisamos de palavras.


Prece para quem acaba de morrer

Onipotente Deus, que a tua misericórdia se derrame sobre a alma de N..., a quem acabaste de chamar da Terra. Possam ser-lhe contadas as provas que aqui sofreu, bem como ter suavizadas e encurtadas as penas que ainda haja de suportar na Espiritualidade!

Bons Espíritos que o viestes receber e tu, particularmente, seu anjo guardião, ajudai-o a despojar-se da matéria; dai-lhe luz e a consciência de si mesmo, a fim de que saia presto da perturbação inerente à passagem da vida corpórea para a vida espiritual. Inspirai-lhe o arrependimento das faltas que haja cometido e o desejo de obter permissão para as reparar, a fim de acelerar o seu avanço rumo à vida eterna bem-aventurada. N..., acabas de entrar no mundo dos Espíritos e, no entanto, presente aqui te achas entre nós; tu nos vês e ouves, por isso que de menos do que havia, entre ti e nós, só há o corpo perecível que vens de abandonar e que em breve estará reduzido a pó.

Despiste o envoltório grosseiro, sujeito a vicissitudes e à morte, e conservaste apenas o envoltório etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos. Já não vives pelo corpo; vives da vida dos Espíritos, vida essa isenta das misérias que afligem a Humanidade. Já não tens diante de ti o véu que às nossas vistas oculta os esplendores da vida no Além. Podes, doravante, contemplar novas maravilhas, ao passo que nós ainda continuamos mergulhados em trevas.

Vais, em plena liberdade, percorrer o espaço e visitar os mundos, enquanto nós rastejaremos penosamente na Terra, à qual se conserva preso o nosso corpo material, semelhante, para nós, a pesado fardo.

Diante de ti, vai desenrolar-se o panorama do Infinito e, em face de tanta grandeza, compreenderás a vacuidade dos nossos desejos terrestres, das nossas ambições mundanas e dos gozos fúteis com que os homens tanto se deleitam.

A morte, para os homens, mais não é do que uma separação material de alguns instantes. Do exílio onde ainda nos retém a vontade de Deus, bem assim os deveres que nos correm neste mundo, acompanhar-te-emos pelo pensamento, até que nos seja permitido juntar-nos a ti, como tu te reuniste aos que te precederam. Não podemos ir onde te achas, mas tu podes vir ter conosco. Vem, pois, aos que te amam e que tu amaste; ampara-os nas provas da vida; vela pelos que te são caros; protege-os, como puderes; suaviza-lhes os pesares, fazendo-lhes perceber, pelo pensamento, que és mais ditoso agora e dando-lhes a consoladora certeza de que um dia estareis todos reunidos num mundo melhor.

Nesse, onde te encontras, devem extinguir-se todos os ressentimentos. Que a eles, daqui em diante, sejas inacessível, a bem da tua felicidade futura! Perdoa, portanto, aos que hajam incorrido em falta para contigo, como eles te perdoam as que tenhas cometido para com eles.

"O Evangelho Segundo o Espiritismo" (Coletânea de Preces - Itens 59 e 60)

sábado, 12 de janeiro de 2008

O PERDÃO NOS LIBERTA - Gabriel (Bié)


"Querida mãezinha Jade, e papai Carlos Francisco,

"Jesus nos abençõe. Fui trazido a esta casa de oração pela equipe de jovens que trabalha aqui e posso afirmar que Deus e infinita misericordia, pois nenhum de nos fica sem auxílio, sem socorro. Especialmente o amigo LUIZ SERGIO ( amigo espiritual) muito tem me ajudado, com seu apoio e seus conselhos. Não foi facil aceitar o drama que nos atingiu e que não pudemos evitar. Prefiro acreditar que não houve culpa de ninguém, prefiro acreditar que não sabiam que a arma estava carregada. Entrego tudo nas mãos de Deus.

No momento do acontecido, houve uma grande confusão em meu cérebro. Foi como uma explosão dentro da minha cabeça. Depois, o vazio, a sensação de torpor, o enrijecimento. Não posso precisar quanto tempo fiquei em estado de sono profundo, mas conturbado. Sentia presenças em volta de mim, uma especie de agitação, porém não podia me manifestar.

Aos poucos, percebi que me encontrava em um quarto de hospital, sendo atendido por médicos e enfermeiros. A princípio julguei ainda estar no corpo físico; tudo me parecia tão familiar, estranhava apenas a ausência de vocês. Mas o meu cérebro estava muito confuso e eu apagava a toda hora. Tive sonhos com você mamãe e com você pai. Vocês me abraçavam chorando e eu não entendia porque.

A sensação de vazio ainda persistia, como se eu ficasse suspenso no ar. Foi nesta hora que me lembrei de rezar. Rezei o Pai Nosso e a Ave Maria com muita emoção, e fui me acalmando e adormeci de maneira mais tranqüila. Hoje sei que recebi tratamento em outra dimensão da vida. No início, chorava muito, não queria aceitar a realidade nova, porém os jovens da equipe de Luís Sérgio me esclareceram e já posso afirmar que estou bem.

O bisavô Xavier veio me amparar e me abraçou com carinho.

Mãe, aqui existe muita fraternidade... Agora compreendo que passamos por um resgate doloroso, certamente pedido por nos mesmos. E difícil, eu sei. A revolta ameaça o nosso equilíbrio, mas a fé em Jesus e nestas leis perfeitas, que presidem o Universo é maior. Sei, mamãe, que você está mais forte, com uma compreensão maior sobre a verdadeira vida e isto é muito importante para mim. Sei que não pareço o Gabriel de sempre, mas nestas horas é necessário amadurecer um pouquinho e procurar entender os altos objetivos da vida.

Estou sendo ajudado na escrita desta carta pelos benfeitores que me trouxeram, especialmente o Dr. Paulo de Tarso, médico desta dimensão.

Mãe , não se culpe por nada . Não deixe mais pesada a carga de nossa prova. Continue buscando a grande luz. O Carlinhos o Daniel e Rafael , precisam muito da sua alegria da sua vibração. Suas palavras e pensamentos chegam até mim e ecoam em meu coração. Serei sempre seu filhinho. Quero envolve-la com todo meu amor.

Você, papai, saiba o quanto o adoro e admiro. Talvez seja difícil aceitar a realidade desta carta, mas saiba que a vida espiritual é uma continuidade da vida física e nós temos imensa vontade de nos comunicar, afirmando a imortalidade da alma. Ficou para trás o corpo, no entato permaneço eu mesmo, com todas as minhas características. Beijo seu rosto, meu pai, e agradeço por tudo que fez por mim --- o pai de Gabriel não acredita na comunicação entre os dois planos.

Aos meus irmãos, que tanto adoro, desejo toda a realização e muita felicidade. A todos os meus amigos ecolegas, que manifestaram o seu carinho e tanto nos apoiaram: obrigado, obrigado, obrigado!! Os país dos chamados "mortos" não é sombrio... É alegre e colorido, tem muita música e vibração. Aqui há escolas e universidades, onde poderei dar continuidade aos meus estudos. Sou levado com freqüência até vocês e fico feliz de vê-los superando a dor. O perdão nos liberta e é preciso perdoar. Não guardemos sombra no coração.

Deixo muitos beijos para a vó Martha e vó Odete e também aos avô José. Afinal, é preciso agradecer muito. Mamãe, diga ao Carlinhos --- meu segundo marido --- que eu o amo muito por tudo. Recorde-me sempre sorrindo, pois meu sorriso não se apagou.

Mãezinha Jade, siga buscando as fontes da verdade e da caridade. UM DIA NOS REENCONTRAREMOS NUMA FESTA DE LUZ. Seu filho..."

Assinado : Gabriel Luiz Xavier (Bié)

Data: Junho de 2004
Local: Santos (SP), "Grupo Espírita João Cabete"
Médium: Suely F. L.

Mensagem psicografada com notas da mãe, Jade Xavier, de Valinhos (SP)

- Leia também a primeira mensagem de Gabriel -

NOSSOS PROBLEMAS - Emmanuel

De modo geral, um problema surge à frente e consideramo-nos para logo batidos pela aflição. Não raro, contornamo-los através da fuga deliberada. Noutras ocasiões, antes de arrostá-los, resvalamos em desânimo ou rebeldia. E lá se vai a oportunidade da promoção.

Às vezes, nós - espíritos eternos - perdemos sucessivas encarnações, simplesmente pelo medo de facear certas dificuldades justas e necessárias ao nosso burilamento. Problemas, no entanto, constituem o preço da evolução. Não há conhecimento sem experiência e não há experiência sem provas.

Em todos os níveis da Natureza prevalecem semelhantes princípios. O embrião da planta vive na semente um problema fundamental: como atravessar o envoltório que o resguarda, para construir o seu próprio caminho na direção da luz? A lagarta enfrenta outro: onde encasular-se para ser borboleta? Não fossem os desafios e exercícios da escola, a cultura, tanto quanto a civilização, seriam tão-somente idéias remotas no campo da Humanidade.

Não te amedrontes ante os problemas que te visitem. São eles recursos naturais da existência, medindo-te a capacidade de adaptação e crescimento.

Nunca te certificarias se possuis bastante reservas de coragem, sem o obstáculo que te ensina a decifrar os segredos da auto-superação, e jamais saberias se realmente amas, sem a dor que te ajuda a desentranhar os mais puros sentimentos do coração.

Problemas são sinônimos de lição. Se tens o caminho repleto deles, isso significa que chegaste à madureza de espírito, com a possibilidade de freqüentar simultaneamente vários cursos de aperfeiçoamento no educandário do mundo.

Bendize o ensejo de testemunhar a tua abnegação e a tua fé, porque todo momento de compreender e perdoar, auxiliar e edificar, é hora de aprender e tempo de progredir.

De "Alma e Coração", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

PAI NOSSO - Mons. José Silvério Horta


Pai Nosso, que estás nos Céus
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos
Neste mundo de escarcéus.
Santificado, Senhor,
Seja o Teu nome sublime,
Que em todo Universo exprime
Concórdia, ternura e amor.

Venha ao nosso coração,
O teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada redenção.
Cumpre-se o teu mandamento
Que não vacila e nem erra.

Nos Céus, como em toda a Terra
De luta e de sofrimento.
Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão no caminho,
Feito de luz, no carinho
Do pão espiritual.

Perdoa-nos, meu Senhor,
Os débitos tenebrosos,
De passados escabrosos,
De iniqüidade e de dor.
Auxilia-nos também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar aos nossos irmãos
Que vivem longe do bem.

Com a proteção de Jesus
Livra a nossa alma do erro,
Neste mundo de desterro,
Distante da vossa luz.
Que a nossa ideal igreja,
Seja o altar da Caridade,
Onde se faça a vontade
Do vosso amor ...
Assim seja.

Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, ditada pelo EspíritoMonsenhor José Silvério Horta, constante do livro "Parnaso de Além-Túmulo,(12ª Ed. - FEB).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

DIZEM QUE ME MATEI OU QUE ESTAVA BÊBADO

“Vim só pra dizer que estou bem. Fiquei um bom tempo internado, cuidaram de mim, e depois que melhorei me contaram que eu tinha morrido.

Só me lembro que tava arando a terra pra plantar
o milho. O sol tava demais. Muito quente mesmo e de repente me deu uma zonzeira. Ficou tudo escuro e senti que ia perder os sentidos. Acho que caí e acho que o trator passou em cima de mim.

Nossa! Quanta aflição! Quanto desespero! A Sueli, minha mulher, parecia não acreditar. Primeiro ficou atordoada, depois viu que não podia fazer mais nada a não ser aceitar e criar nossas crianças. Ela chorou muito, sentiu muito medo e tirou forças de onde não imaginava pra dar conta de tudo sozinha.

Alguns diziam que eu me matei, que tava desgostoso da vida. Outros falaram que eu tava bêbado. Isso doeu na minha alma, me fez muito mal, mas depois de muito tempo entendi que o ser humano é assim. Uns se compadecem, outros querem pisar e ofender; outros não querem nem saber.

Hoje estou bem, mas com muita saudade no coração. Saudade das crianças que já não são mais crianças; da Sueli que venceu como uma verdadeira guerreira. Ela de vez em quando fala comigo, mas nunca reclamando, só contando os acontecidos.

Os meninos estão estudando e ajudam a mãe e isso me deixa muito feliz. Só não querem voltar pra roça. Vida dura na roça e ingrata por vezes. Colheitas que se perdem com a chuva, com a falta dela...

Mas a cada colheita perdida, a gente se unia ainda mais. Rezava e pedia a Deus para que a próxima fosse melhor. A Sueli era assim. Eu já ficava mais nervoso e tinha vontade de largar a roça e ir pra cidade. Ela achava que na roça as crianças eram mais felizes e não corriam tanto perigo. Ainda hoje ela pensa assim.

Queria deixar aqui meu abraço pra ela pras crianças e dizer que eu não tinha bebido e que não me joguei. Passei mal, desmaiei e quando vi já estava num hospital. Mas num hospital diferente. Onde ninguém me visitava, mas os que cuidavam de mim eram pessoas muito boas e caridosas. Quando tive alta e quis voltar pra casa, fui esclarecido da minha situação. E quando voltei pra ver minha família, a casa estava abandonada. Chorei muito e mais uma vez um irmão veio até mim e falou sobre a mudança.

Quando tive permissão, fui até eles e vi que estavam bem, pelo menos do jeito que podiam estar. Eu os acompanho e os visito sempre que posso. Como eu queria poder ajudar, mas hoje sei que posso fazer isso com minhas preces.

Um abraço a todos e que eles fiquem com Deus e em paz. Obrigado pela oportunidade.”

Assinado : Anízio

Nota da psicógrafa: O espírito comunicante refere ter
morado na cidade de Engenheiro Beltrão.

* Imagem meramente ilustrativa *

Data : Janeiro de 2008
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : S.A.O.G.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ELE TEM CHORADO ESCONDIDO - Daiane (Taiane)


“Vim aqui pra pedir pra alguém dar um recado pra minha mãe. Ela anda tão tristinha. Chora à toa e fica dizendo que a vida dela acabou.

Ela está enganada. A vida dela só teve um desvio. Aconteceu algo que ela não esperava. Ela diz que me perdeu. Ela precisa acreditar que a gente não morre. Estou bem viva e feliz. Ela vai ter outro neném. Agora vai ser um menino e ela vai ficar feliz de novo.

Ela não precisa me esquecer, porque ela me amava muito mesmo, mas precisa de outra criança pra cuidar. Agora ela já vai estar mais preparada, não vai encontrar tanta dificuldade. Eu amo você mamãe e quero te ver feliz de novo. O papai já não sabe mais o que fazer pra melhorar, pra te ajudar, Ele tem chorado escondidinho pra você não ver. Ele também precisa de carinho e ajuda sua.

Sei que você não aceita a minha partida, mas era hora de ir. Aqui onde estou tem muitas crianças e a gente brinca e vai na escolinha e assiste filme de desenho. Eu estou bem aqui, mamãe.

Agora preciso ir, viu ! Cuida bem do meu irmãozinho e diz que eu amo ele.

Um beijo pra você, um pro papai e pra vovó Tita (ou Dita).

Saudadinhas de vocês e do Filó.”

Assinado : Daiane (Taiane ou Chaiane)

Nota da psicógrafa:
O espírito comunicante refere ter desencarnado criança, com cerca de cinco anos e o nome seria Daiane, Taiane ou Chaiane. Não menciona o nome dos pais, mas fala da avó Tita (ou Dita) e de Filó, que aparentemente seria um animal de estimação.

Data : Janeiro de 2008.
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : S.A.O.G.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

CIRURGIA ESPIRITUAL : A CURA VEM DE CIMA

Milagre, picaretagem ou medicina avançada? A cirurgia espiritual atrai milhares de pessoas do mundo todo e desafia a ciência com vários – e inexplicáveis – relatos de sucesso nos tratamentos


Por Luana Villac
Editor : Lauro Henriques Jr.

Cecília Guilhereme Cardi chegou ao Santuário Espiritual Ramatís, na cidade de Leme, no interior de São Paulo, em uma cadeira de rodas. Cinco meses antes, a dona-de-casa paulista estava dentro de um elevador quando o cabo de aço se rompeu e o equipamento foi abaixo. Cecília ficou seriamente ferida e passou dez dias no hospital. Depois do acidente, sua vida nunca mais foi a mesma: dores intensas na região da coluna a impediam de se locomover normalmente. Foram meses de sofrimento e seis operações, até que uma vizinha lhe falou sobre um médium que, segundo diziam, era capaz de curar as pessoas por meio de cirurgias espirituais. Cecília resolveu tentar. “Foi a melhor decisão que já tomei”, afirma. “Três dias após a cirurgia, já não sentia dor nenhuma”. Hoje, um ano depois da intervenção do médium, ela anda normalmente e nunca mais teve problemas.

O suposto responsável pela melhora de Cecília atende pelo nome de Waldemar Coelho. Ele é um dos médiuns brasileiros que, todos os anos, atendem milhares de doentes em operações que seriam realizadas pelos espíritos. Na verdade, os médiuns sérios costumam dizer que não são eles, mas, sim, as entidades que curam – eles seriam apenas os “bisturis” nas mãos do além. Seja como for, as cirurgias espirituais atraem multidões e desafiam a medicina tradicional com diversos casos inexplicáveis de cura narrados pelos pacientes.

Espírito-socorro

Se representam um desafio para a ciência – que até hoje não tem explicações para as curas creditadas ao “lado de lá” –, as operações mediúnicas colocam em cheque o próprio senso comum acerca de como deve ser um procedimento médico. Por vezes, as cirurgias são recheadas de cenas tão surpreendentes quanto aflitivas, como as do médium introduzindo tesouras e pinças pelas narinas dos pacientes ou raspando os olhos dos mesmos com canivetes ou as próprias unhas. E o que é mais impressionante: o processo todo se dá sem anestesia e, ainda, num cenário muito distante dos padrões mínimos de assepsia hospitalar. A surpresa aumenta quando se leva em conta que, além da incrível analgesia dos pacientes – qualquer pessoa em sã consciência estaria berrando de dor –, não há registros significativos de contaminações, o que seria inimaginável em instituições de saúde “deste mundo”, que padecem de índices altíssimos de infecções hospitalares.

O estranhamento com o procedimento, contudo, não parece afastar os pacientes. Só no Santuário Ramatís, Waldemar Coelho, de 69 anos, e sua equipe recebem cerca de 300 pessoas por semana, que se queixam das mais diversas doenças – câncer, hérnia de disco, miomas, catarata e até depressão. Para ser atendido por eles, ou melhor, por intermédio deles, é preciso fazer reserva com pelo menos dois meses de antecedência. No dia marcado, então, enquanto se desenrola uma das operações, o doente estará entre as dezenas, às vezes centenas de pessoas que, de fora, aguardam esperançosas sua vez de “entrar na faca”.

Tão impressionantes quanto as cirurgias são os relatos de cura, que colocam à prova até os mais céticos. Como o do pintor Airton Ferreira, de Rio Claro, no interior paulista, que sempre gostou de praticar artes marciais. O hobby, contudo, acabou lhe custando um problema sério no menisco. Quando procurou um médico, recebeu duas notícias: a única forma de resolver o problema seria através de uma operação. A segunda? Mesmo assim, não poderia voltar a treinar nunca mais. Depois de tentar acupuntura e fisioterapia sem obter resultados, decidiu ir atrás do médium Coelho, que tinha visto na televisão. “Cheguei lá tirando sarro”, relembra Airton. “Trinta dias depois, contudo, eu já estava lutando caratê novamente. Isso foi há dez anos, e até hoje eu freqüento o centro para agradecer”.

Outro elemento responsável pelo intenso fluxo de visitantes ao Ramatís é o custo do tratamento. Ou melhor, a falta dele: as cirurgias são totalmente gratuitas, conforme o preceito espírita de incentivo à caridade. Mas engana-se quem pensa que somente as camadas mais pobres da população procuram o local. Na lista de pacientes que já passaram por lá figuram nomes como Hortênsia e Paula, ex-jogadoras da Seleção Feminina de Basquete, e Pedro Ivo, ex-governador de Santa Catarina. Na entrada do centro, há uma sala com as paredes cobertas por mais de 100 camisas de atletas, além de sapatilhas de balé, quimonos de artes marciais, cartas e fotografias – todos objetos estão assinados por pessoas que lá chegaram em busca de cura e dizem a ter encontrado. Uma camisa de basquete com as cores do Brasil, por exemplo, traz a inscrição feita à caneta: “Ao Senhor Waldemar, de quem te admira, Paula”.

Sistema sobrenatural de saúde

A cerca de mil quilômetros do centro Ramatís, nas cercanias de Brasília, dois outros médiuns atraem caravanas de doentes com seus tratamentos gratuitos. João Teixeira de Faria, de 64 anos, promove sessões de cura desde a década de 70 em Abadiânia, cidade goiana à uma hora da capital. João de Deus, como é chamado, ficou conhecido mundialmente em 1991, ao receber a atriz norte-americana Shirley MacLaine, que foi submeter-se a uma operação espiritual para extrair um câncer no abdômen. Na época, ela deu entrevistas afirmando que estaria curada. Desde então, João de Deus já viajou para mais de 15 países e, hoje, o fluxo de pessoas que o procuram é formado majoritariamente por estrangeiros. Não longe dali, em Gama, cidade-satélite do Distrito Federal, o médium Valentim Ribeiro de Souza, de 66 anos, também recebe multidões do Brasil e do exterior. Mestre Valentim, como é conhecido, realiza centenas de atendimentos gratuitos por semana no Recinto de Caridade Adolfo Bezerra de Menezes. Outro lugar bastante conhecido nessa espécie de “SUS do outro mundo” é o Educandário Social Lar de Frei Luiz, localizado no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. As operações realizadas na instituição atraem milhares de pessoas por mês ao local, muitas delas atores globais. Aliás, esse tipo de tratamento atrai celebridades de todas as áreas.


Texto publicado no Especial
"150 anos do Espiritismo" Volume 2 (pág. 42),
do Almanque Abril, da Editora Abril.


Adquira aqui o Especial 150 anos do Espiritismo

CURA OU CURANDEIRISMO ?

Com ou sem corte? É com esta pergunta acima que os médiuns geralmente se dirigem aos pacientes antes de iniciar a cirurgia. O motivo: as intervenções podem ser visíveis, isto é, com incisão, ou invisíveis. Na verdade, embora mais impressionantes, as intervenções que recorrem a cortes – em geral provocados por instrumentos prosaicos como facas, tesouras caseiras e canivetes – são as menos comuns. Mas haveria diferença de resultado entre o procedimento com talhos e aquele sem? De acordo com os médiuns, não. “As cirurgias com corte são feitas para ajudar os céticos a acreditar que estão sendo curados”, afirma Waldemar Coelho, que só trabalha com cirurgias invisíveis. “Mas, tanto num caso quanto no outro, a cura não é garantida”, avisa. Para o médium de Leme, a melhora dos pacientes estaria ligada ao merecimento de cada um, não tendo, assim, uma relação direta com o tipo de intervenção ao a crença nele. “Mesmo quem não acredita pode ser curado, se assim o merecer”, diz.

Outras autoridades dentro do espiritismo enxergam a questão de forma diferente. “Um das coisas mais importantes é encorajar o paciente à cura. Isso porque, na realidade, trata-se sempre de uma auto-cura. É o próprio paciente quem restaura as células de seus envoltórios físico e espiritual”, afirma Marlene Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil. “Nesse sentido, cremos que a auto-sugestão é uma predisposição necessária.”

A afirmação da médica remete a um questionamento freqüentemente levantado quando se fala das cirurgias espirituais. Será que as supostas curas seriam fruto realmente do trabalho das entidades? Ou decorriam apenas de uma espécie de efeito placebo, em que os pacientes ficariam melhores justamente por acreditaram que isso aconteceria? Para o pesquisador norte-americano Harold G. Koenig, coordenador do Centro para Espiritualidade, Teologia e Saúde, da Duke University Medical Center, na Carolina do Norte (EUA), mesmo se existisse uma resposta definitiva para essa questão – o que ainda não há –, ela certamente não invalidaria o papel da crença no processo de recuperação da saúde. “A fé é um fator importante na cura, mas eu não chamaria isso de efeito placebo. O placebo sugere que não há nenhum ingrediente ativo e o resultado seria devido apenas à mente”, diz Koenig. “Não se sabe ainda se há um elemento ativo na fé, mas posso dizer que ela tem efeitos poderosos em quase tudo que nós fazemos na medicina. Por exemplo, já descobrimos que ela pode ajudar as pessoas a reduzir o stress, que, por sua vez, comprovadamente traz danos para a função imunológica. Logo, ao menos em teoria, é possível que qualquer doença relacionada ao stress – como problemas no coração, hipertensão e suscetibilidade a infecções – possa ser influenciada positivamente por uma prática religiosa.”

Para além da fé, os espíritas têm seus conceitos próprios para explicar o funcionamento das cirurgias psíquicas. Eles se valem da noção de perispírito, ou corpo astral (veja matéria na página 9). “Quando o espírito de um médico trabalha através de um médium, ele não mexe no corpo físico da pessoa, mas no corpo perispiritual”, afirma Ari Ferreira, palestrante da Federação Espírita do Estado de São Paulo. As enfermidades no plano físico decorreriam, na verdade, de problemas com esse corpo sutil. Seria esta a razão porque as operações prescindem de instrumentos cirúrgicos ou quaisquer outros objetos cortantes. “Nas cirurgias espirituais, há uma transfusão de energias vitais – originadas do médium – e espirituais – que emanam das entidades – para o paciente”, afirma Marlene Nobre.

Para garantir a pureza dessa energia que transmitiriam aos pacientes e a economia de suas próprias forças – já que há um grande dispêndio de energia nesses encontros –, os médiuns seguem algumas precauções. Sexo, álcool, cigarro e carne vermelha são cortados pelo menos 72 horas antes das reuniões. Além disso, as intervenções são acompanhadas de orações e leituras, que procuram criar um ambiente harmônico, e todos os presentes usam roupas de cor branca.

Cura ou curandeirismo?

Apesar dos depoimentos relatando melhoras, as intervenções do além encontram forte resistência por boa parte da comunidade médica, para quem tudo não passa de picaretagem. E mesmo entre os espíritas a prática é vista com cuidado. “Este é um campo escorregadio, sujeito ao charlatanismo e a mistificações. As verdadeiras cirurgias espirituais são raríssimas,”, diz Marlene Nobre. “Conceituados colegas nossos já afirmaram que encontraram infecções decorrentes das operações mediúnicas em pacientes que se submeteram a elas. Na década de 1980, por exemplo, a própria Associação Médico-Espírita denunciou casos de seqüelas provocadas por supostas cirurgias espirituais, que nem de longe apresentaram os resultados apregoados pelo médium.”


Para a médica espírita, o primeiro termômetro para se prevenir contra os picaretas é a gratuidade do tratamento. Esse cuidado é reforçado pelos profissionais da saúde “deste mundo”. “Tenho sérias resistências à chamada cirurgia espiritual com corte. É um campo em que podem surgir muitos charlatões, que querem se aproveitar do momento de fragilidade da pessoa para tirar dinheiro dela – por isso acredito que não pode haver remuneração”, afirma o cardiologista Roberto Luiz D’Ávila, diretor do Conselho Federal de Medicina.

Em 1987, o assunto atraiu a atenção do pesquisador e cético canadense James Randi, que se propôs a pesquisar a veracidade das supostas curas. Para isso, entrevistou 104 pessoas que se diziam curadas pelos médicos do espaço. A conclusão de Randi, que está no livro The Faith Healers (Os Curadores da Fé, inédito no Brasil), foi que seus entrevistados dividiam-se em três grupos. No primeiro, estavam os hipocondríacos, que na realidade não tinham doença nenhuma. No segundo, pessoas que estavam enfermas, mas continuaram doentes após o procedimento. E por fim, o terceiro grupo, do qual ele afirma não ter encontrado ninguém, era constituído por pessoas que já haviam morrido dos problemas que as afligiam. “Não posso afirmar que essas curas não funcionam, mas em todos os casos que investiguei, houve 100% de falha”, disse Randi.
No Brasil, o psiquiatra Alexandre Moreira de Almeida, do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Medicina de Juiz de Fora (MG), realizou uma pesquisa junto ao médium João Teixeira de Faria. Trinta pacientes foram examinados antes e depois das cirurgias espirituais realizadas por ele, e o material retirado de seus corpos foi examinado em laboratório. Os resultados indicaram que as incisões eram reais e não provocavam dor nos pacientes. Não foi encontrado nenhum sinal de infecção até três dias depois da cirurgia e exames evidenciaram que os tecidos extraídos eram compatíveis com o local de origem. Mas, funcionou? A conclusão, apresentada no relatório da equipe, afirma que “as cirurgias são reais, mas aparentemente não teriam efeito específico na cura dos pacientes”.

A verdade é que a ciência ainda sabe muito pouco sobre o tema. “Nossos métodos de avaliação não são suficientes para comprovar o resultado desses procedimentos cientificamente”, afirma Roberto Luiz D’Ávila. “Do ponto de vista científico, questiono se aquilo pode trazer a cura. Mas, com trinta anos de profissão, acredito que – desde que não abandonem o tratamento tradicional – todos os pacientes têm o direito de acreditar naquilo que possa lhes trazer paz, tranqüilidade e, principalmente, esperança.”


"Tomava quilos de antidepressivos e bati
o carro. Cheguei ao Lar Frei Luís
em cadeiras de rodas. Me curei com
cirurgia espiritual. Hoje sou diretor lá”
Carlos Vereza