quarta-feira, 30 de setembro de 2009

APRENDER COM A PSICOGRAFIA QUE JAMAIS VIRÁ

Retomo hoje ao tema das mudanças operadas no blog Partida e Chegada. Como os leitores assíduos bem sabem, na origem, este espaço nasceu do desejo de dar publicidade a psicografias havidas em reuniões de trabalho, colhidas e guardadas aleatoriamente ao longo de dois anos. Jamais se tratou de um trabalho direcionado a este fim, tanto que nunca houve vínculo com qualquer casa espírita, embora nosso grupo de trabalho inclua médiuns de três casas de Sorocaba (SP). Aliás, deixamos clara tal posição no artigo “Somos Independentes”.

A proposta foi buscar eventuais destinatários, mas, primordialmente, demonstrar aos que crêem ou não em reencarnação, a realidade de nossas vidas em dois planos. Este, o espaço do aprendizado e das realizações e o plano espiritual, onde temos plena consciência de nossas falhas, objetivos e laços de afinidade, de amor e de ódio. Por conta disso, acreditávamos que o conhecimento e a identificação com fatos semelhantes ajudariam as pessoas colhidas pela dor da perda, auxiliando no entendimento dos mistérios da vida. E esta expectativa mostrou-se tangível, a julgar pelas centenas de comentários e e-mails recebidos de todo o mundo.

Mensagens que, sintetizadas num “muito obrigado”, demonstram que nossas palavras falaram ao coração dos leitores. Como expliquei na postagem “A resposta quando precisamos”, os números e as manifestações demonstram que tem sido possível fazer algo efetivo, mas, com realismo, ainda longe do que gostaríamos e imensamente o oposto da enorme expectativa dos que nos escrevem. Como já ressaltamos inúmeras vezes, as comunicações mediúnicas são limitadas às condições dos espíritos que se foram, de seus familiares e das circunstâncias de vida e de desencarne de cada um. Não existe uma regra rígida para que ocorram e, embora possa parecer contraditório, esta é uma medida exata da justiça de Deus.

Portanto, espero que considerem eventuais mensagens psicografadas aqui reproduzidas como meras amostragens de situações, muitas das vezes, semelhantes às suas; instrumentos de consolo e de comprovação da vida após a morte. Não procurem tal elo como um fim em si mesmo ou mera satisfação de uma curiosidade. Vejamos, todos, em cada texto, seu sentido único, pois a morte também faz parte do sentido da vida e as respostas das quais precisamos nem sempre estão disponíveis quando queremos; mas sim quando precisamos.

Importante frisar isto, pois é a base de uma nova fase do blog Partida e Chegada. Realizamos um levantamento de todos os pedidos de psicografias recebidos — um total de 1542 em pouco mais de dois anos, quase duas por dia —, bem como das respostas eventualmente recebidas e validadas por familiares e chegamos a conclusão que menos de 1% (um por cento) das solicitações foram atendidas. Não raro, a frustração pelo “silêncio” dos entes que se foram ou a insatisfação com as palavras recebidas, levaram leitores a acreditarem-se no direito de “cobrar” o resultado desejado, algo fantasioso e que se limitava à seus íntimos sentimentos.

Contudo, como eu sempre repito, importa não esquecer o que Chico Xavier (o maior psicografo conhecido) dizia: "o telefone toca de lá para cá"'. As mensagens chegam à medida da necessidade, do merecimento de cada um. Não significa que se você não recebeu é porque não merece ou não necessita. Para quem está passando pela situação sempre há a necessidade e a sensação de merecimento, não é?

Mas, existem coisas que simplesmente acontecem e não podemos explicar. Desígnios que vem do alto, que não dá pra discutir ou contestar. Falo isso, porque muitos que chegam à nossa página criam uma expectativa de uma coisa que jamais acontecerá. Isso está exemplificado com perfeição nos livro "Por trás do véu de Isis", de Marcel Souto Maior. Nesta obra, ele relata a busca de várias pessoas por uma notícia de pessoas queridas, inclusive uma mãe que percorreu todos os lugares conhecidos e não conseguiu a resposta que queria, mas, ao ver resultados obtidos por outras pessoas, por outras mães, ela acabou encontrando a paz e o conforto para o seu coração.

Ainda que com a intenção de confortar, agindo no sentido de buscar comunicações, percebemos estar fazendo um desserviço aos leitores. E, muitas vezes, adiando situações de aprendizado que ficavam condicionadas a uma psicografia que jamais virá.

Por conta disso, decidimos não mais receber solicitações de mensagens, seja a qualquer título, pelo simples fato de que nossas limitações, as condições pessoais dos que se foram e de seus parentes, vêm criando uma imagem falsa de “eficiência”, que jamais buscamos. Pelo contrário, sempre quisemos ensinar pelo exemplo e pelas experiências de vida, pela lição de transpor dificuldades e crescer. Não do conforto pelo conforto, como que fortalecendo a autopiedade e o comodismo emocional. Continuaremos publicando as psicografias que nos chegam, ratificando a intenção inicial de usar exemplos de vida como setas para um novo caminho. Mas, o mais importante, como diz o escritor James Van Praagh, é que, independente da existência de mensagens exclusivas e constantes, é "compreender que a morte não lhe tomou o amor vivido no passado". A certeza, compartilhada por nossa crença, de que nossos entes queridos permanecem vivos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PARTIDA E CHEGADA MUDA VISUAL PARA PRIVILEGIAR CONTEÚDO

Os leitores que nos acompanham — pessoas de pelo menos 98 países identificados pelo serviço de estatísticas Histats — certamente notaram nossa ausência por longas sete semanas. Mas e, principalmente, as mudanças visuais operadas na página a partir de 20/09/2009.
É, sim, um momento de mudança. Contando com três anos e meio de existência, o blog Partida e Chegada apresenta números robustos de visitação, mas necessita reordenar seu foco, em privilégio do conteúdo dos textos, da qualidade no atendimento e do esclarecimento de milhares de leitores que não significam apenas números, mas luzes ofuscadas (temporariamente, acreditamos!) pela dor da perda.

Desde que foi criado, nosso blog foi visualizado 432 mil vezes (dados de 24/09/09) por 196 mil visitantes únicos, uma média considerável para uma página de segmento e com temas tão incomuns como a morte, reencarnação e comunicações mediúnicas. Nada mal para nós que pretendíamos apenas dar divulgação a mensagens psicografadas de diversos médiuns, que, contanto emotivas e carregadas de sabedoria, eram invariavelmente engavetadas ou esquecidas em casas espíritas, simplesmente porque não havia como fazê-las chegar aos destinatários. E isto, não tenho dúvida, continua acontecendo em inúmeras casas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, em parte devido ao temor de alguns dirigentes ou mesmo ao menosprezo com que a psicografia é vista, a despeito de Chico Xavier ter fundado sua vida neste trabalho solidário.

Exatamente nadando contra a corrente que nasceu a idéia desse espaço. E, apesar de resistências de amigos próximos, prevaleceu a convicção de que a intenção de confortar e elucidar se sobreporia a eventuais temores de desvirtuamento dos ideais. Acredito mesmo que a pureza de tal pensamento é que frutificou, derivando do blog para suas páginas de apoio, no YouTube, no SlideShare e no Picassa. Já a demanda pela interatividade fez com que contemos com 143 membros no Grupo Partida e Chegada (Yahoo) ; temos 72 seguidores; 1157 integrantes na Comunidade P & C no Orkut; e nossa Rede de Amigos, um espaço para que os leitores tornem-se amigos, opinem e interajam, registra até hoje 646 associados.

Todos estes números significam uma rede qualificada de leitores, para os quais trabalhamos, embora com inúmeras limitações, sempre mais e melhor.

Por conta disso, as mudanças. Nesta postagem tratarei apenas das alterações visuais. Desenvolvido para melhor expor os conteúdos e serviços, o novo template (identidade visual) privilegia o conteúdo e pretende deixar a navegação mais agradável. A fonte mudou, o fundo passou a ser branco e a coluna de texto saiu do centro para a lateral esquerda, com ganho de espaço e no tamanho das imagens. Desde maio de 2007, esta é a terceira vez que o blog Partida e Chegada redesenha a sua home page; no ano passado, passamos a adotar o formato com 1024 pixels de largura, já que atualmente esta é a definição que a maior parte do público é capaz de visualizar com conforto.

Primordialmente, os textos foram todos preservados, mas buscou-se deixar a página mais leve para leitura e carregamento, já que boa parte dos leitores do norte e nordeste refere ainda utilizar conexão discada. Esta, aliás, foi uma das razões pelas quais nossa seleção de músicas foi retirada da abertura da página, mas pode, como sempre, ser acessada e copiada em nossa página de músicas. Outros espaços foram suprimidos por estarem em duplicidade e o menu principal ganhou destaque em uma barra horizontal, logo abaixo do logo do blog.

As postagens ganharam, imediatamente abaixo, indicações de leituras interessantes e de outros artigos relacionados. Clicando no título das postagens, você terá, além da possibilidade de comentar, enviar por e-mail, imprimir ou compartilhar. Nas próximas semanas, disponibilizaremos um índice completo de todas as postagens. Com tais mudanças, queremos valorizar o conteúdo e tornar a navegação mais fácil e agradável. Esperamos que gostem. Amanhã, tratarei de nossa nova orientação para o conteúdo, principalmente as psicografias.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

HOJE ACORDEI PENSANDO EM MEU PAI

Hoje acordei pensando em meu pai. Não é todos os dias que a gente se lembra dos que já se foram; e de alguns, quando a gente lembra, não dá para falar, porque ainda dói muito. Mas um dia você acorda lembrando de alguém que significou muito na sua vida, mas que na época você não sabia, só foi saber depois.

Não sou muito de datas, mas durante anos lembrei do dia do seu aniversário, do dia de sua morte; o tempo foi passando e fui aos poucos me esquecendo desses dias. E pensando bem, lembrar dele no dia do seu aniversário, da sua morte, não tem nenhuma importância. Tanto não tem que hoje, que não tem nada a ver com essas datas, acordei lembrando muito dele.

Desde que éramos pequenas, volta e meia eu e minha irmã ouvíamos nosso pai falar, um pouco brincando, um pouco a sério: "vocês não me dão valor, não escutam o que eu digo, um dia vocês vão ver que eu tinha razão". É claro que entrava por um ouvido e saía pelo outro, e ele, felizmente, não percebia.

Talvez depois que as pessoas morrem tenhamos uma tendência a idealizá-las, e é exatamente o que sinto pelo meu pai. Mais do que uma questão de inteligência, ele teve, desde cedo, o dom de saber o que era a vida; sem ilusões, guardando mesmo assim um lado muito poético dentro dele. O que, aliás, nos confundia muito. Quando falava no amor, era de um lirismo total; quando ainda jovem, foi eleito Príncipe dos Poetas Capixabas, teve seus poemas publicados em Vitória, onde morávamos, e tinha até o físico de um poeta -um pouco no gênero Castro Alves. E nos dizia que por amor uma mulher deve fazer tudo, pois nada é mais importante na vida.

Mas veja como era complicado ser sua filha: logo que me casei, não existiam telefones no Rio. Ou você comprava -e era um bem que se declarava no Imposto de Renda- ou se conseguia por meio de pistolão. Como meu marido era dono de um jornal, não foi difícil conseguir um, e meu pai disse logo que o telefone tinha que ser no meu nome, pois se alguma coisa acontecesse, tipo o casamento não dar certo, o telefone seria meu. Ora, como compreender um pai com posições tão diferentes? Quando pedi que ele me explicasse como poderia me dar conselhos tão opostos, ele sem nenhuma paciência, disse "ah, mas será que vocês não entendem? Mas não faz mal, um dia vocês vão entender". Como ele tinha razão.

Era como se ele tivesse nascido sabendo onde a vida nos ia levar, como se tivesse o dom de prever o futuro; por experiência ou um dom muito especial e raro, sabia onde iríamos parar com nossas escolhas, nossos casamentos, nossos amores. E bem que tentou nos explicar como é a vida, mostrando que em circunstâncias exatamente iguais, uma hora se deve agir de um jeito, na outra de outro jeito, mas isso é difícil de explicar -e de entender. Talvez por saber demais, a vida para ele foi muito pesada.

Ah, meu pai sabia das coisas. O que eu não daria para sair hoje com ele para almoçar, comermos aquela moqueca de lagosta de que ele gostava tanto e falar de tudo que aconteceu em todos esses anos, depois que ele se foi.

Do quanto ele tinha razão em tudo que me dizia; que saudade de você, meu pai.

Folha de S. Paulo (20/09/2009)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ONG REALIZA 'DESEJOS' DE CRIANÇAS DOENTES



A dica é da jornalista Cristiane Tavares, em seu blog na emissora Rede Nova Brasil FM. Sensível e bem informada, ela utiliza o espaço que dispõe para ir além das notícias sobre música, seu público alvo, e consegue surpreender e comover com sua disposição em ajudar. Particularmente, já tinha ouvido falar sobre o projeto, mas não me informei o suficiente para reportá-lo no Partida e Chegada. Portanto, dou o devido crédito a Cristiane e tomo a liberdade de reproduzir parte de sua postagem.

"Quero apresentar a vocês um projeto recente no Brasil, mas que já é sucesso em mais de 30 países. É uma idéia incrível, uma lição de solidariedade, um trabalho do qual todos podem participar. Falo da Make-A-Wish Brasil , uma organização sem fins lucrativos, que realiza desejos de crianças com alguma doença que coloque em risco suas vidas.

Para vocês entenderem como funciona, vou mostrar um caso atendido pelos voluntários da Ong.

No último dia 29 de junho, Gabriel passou um dia no 3º batalhão da Polícia Militar. No quartel, ele aprendeu a falar no rádio da viatura, aprendeu a marchar e pôde até almoçar ao lado dos policiais. Ele ganhou uma farda, foi promovido a Tenente e participou de uma simulação da Força Tática.

Os voluntários procuram parceiros e patrocinadores que utilizam seu tempo e recursos para que o sonho de Gabriel se realize.
Gabriel é um menino de 6 anos, esperto e lindo. Ele é transplantado de fígado e tem linfoma. Faz tratamento na casa Hope desde que nasceu. Mas como toda criança, tem suas fantasias e desejos. O de Gabriel é ser policial. A família dele, ou os médicos, entraram em contato com o pessoal da Make-A-Wish, por email ou telefone (que estão no site). A partir daí os “coordenadores de desejos” solicitam uma declaração de aptidão física à equipe médica, e já começa a mobilização para realizar o desejo do garoto.


Será que alguém consegue imaginar a alegria do Gabriel? (foto).

Quem não puder contribuir com dinheiro, pode ajudar com algum item que faça parte da realização do desejo, como um empréstimo de helicóptero, um barco, um guarda-roupa ou mesmo um cavalo. 
Fazer o bem faz bem"

O lema da instituição é “desejo é desejo, e tem que ser realizado”, portanto, não há triagem. E os desejos são os mais diversos. O Gabriel queria ser policial. A Jenifer queria um quarto novo. O Lucas queria um gameboy. O Matheus queria conhecer o Marcos, do Palmeiras. E todos foram realizados.

Serviço : Make-A-Wish Brasil - Al. dos Nhambiquaras, 239 - Moema - SP - Tel: (11) 5081-3601 - email: desejo@makeawish.org.brsite: http://www.makeawish.org.br/

domingo, 20 de setembro de 2009

A VIDA E A MORTE SIGNIFICAM RECOMEÇO



O Lago Negro é um dos locais mais bonitos de Gramado. É uma paisagem montada pelo homem após um incêndio que devastou a mata nativa local. Um senhor teve a ideia de construir ali um parque. Cavou um lago, trouxe mudas de ciprestes e de outras árvores da Floresta Negra da Alemanha, e continuou o paisagismo, que conta até com dóceis patos. No termo de doação à prefeitura, colocou que não poderiam ser cobrados ingressos ao acesso ao parque. Este projeto é mais que paisagismo, é uma lição de vida.

Quantas vezes passamos por incêndios que parecem arrasar nossa estima, fé, caridade, esperança, amor. Quantas pessoas são devastadas porque fizeram opções erradas de vida ou amaram pessoas que não negaram a cumplicidade do amor. Mas uma mata arrasada pode voltar a ter a vida em plenitude!

Dentro de nós temos a vida, princípio do recomeço. Precisamos cavar nas nossas fontes e descobrir a água que alimentará nosso novo jardim. Assim foi feito no Lago Negro. A água foi cavada do fundo da terra. Precisamos buscar exemplos e ajuda para nos levantarmos. Quantos amigos nos ensinam coisas importantes! São mudas de novos comportamentos para nossas vidas. Aliás, o bom amigo é aquele que sempre tem algo a nos ensinar ou a nos questionar. Ciprestes foram trazidos da Floresta Negra. De longe! Não podemos ter preguiça na hora de montar o nosso jardim!

Aquelas pedras que nos fizeram tropeçar não nos trancarão mais o caminho. Organizadas, devidamente nas margens como prova da nossa solidez, elas farão parte da paisagem e nos farão lembrar os esforços que fizemos, que realmente somos frágeis e já caímos, que não podemos ser soberbos. E vivemos para fazer amigos, para amar, para sermos gente! Os animais do Lago Negro nos lembram que a vida deve ser exuberante. Aliás, o parque não foi feito para um colecionador, mas está aberto às pessoas. Assim também devemos ser abertos para a vida!

O Lago Negro nos ensina que o podemos sempre reverter situações difíceis e construir o belo em nossas vida, com os dons que recebemos de Deus.

Vídeo: mensagem comercial, mas que fala do sentido da vida

SOBRE O SOFRIMENTO E A DEPRESSÃO

Tenho um amigo que, há cerca de dois anos, foi diagnosticado com 'hepatite C', uma doença que afeta de três a cinco milhões de americanos e é a principal causa para transplante de fígado. Apesar do susto inicial, buscamos informações e descobrimos que atualmente de 40 a 50% dos pacientes podem ter o vírus removido. No entanto, o tratamento atual para doença, à base dos medicamentos alfa interferon e ribavirina, produz uma alta taxa de efeitos colaterais psiquiátricos. O principal deles é a depressão. E, como não poderia deixar de ser, meu amigo foi fortemente abalado pela tristeza, pelo desânimo e pelo desejo de "por fim" àquele sofrimento". Apesar da proximidade da família, sentia-se isolado e tentou o suicídio por duas vezes, até que teve o primeiro resultado negativo para detecção do vírus da 'hepatite C' e pode reduzir os remédios, voltar a trabalhar e melhorar seu estado geral.

Preocupado com ele e lembrando de outras tantas pessoas que conheço e que demonstram sinais da depressão, acabei chegando a um relato publicado em um blog que, infelizmente, não mais existe (http://diariodeumahepatite.blogspot.com/). Por isto não tenho o nome do autor. Mas suas palavras, vistas sob o peso de quem sofre de uma doença que já foi terminal, nos levam a pensar na maneira como encaramos a própria vida, como convivemos com a tristeza e, principalmente, como a depressão é alimentada pela "pena de si mesmo". Acompanhe abaixo e deixe seu comentário.

"Ando sem maiores novidades. A médica voltou de férias e a conduta é a mesma: aguardar os resultados dos exames de carga viral. Caso se confirmem (o que é o mais provável), o tratamento será suspenso e ficaremos no aguardo de "bom tempo". Caso contrário (o que é pouquíssimo provável), seguimos com o tratamento. Ontem tomei a 30ª aplicação. E já estou tão acostumado a passar mal, que vou estranhar o provável bem-estar da ausência dessa química no organismo.

Como estou? Não diria que esteja no ápice da felicidade, dando cambalhotas e fazendo piruetas, ou com "vontade de beijar o português da padaria". Mas, tenho buscado exercitar a paciência e entregar ao Universo as decisões. Claro, tentando fazer a minha parte. Dra. Andréia insiste (assim como Denis Rivera) que eu estou com depressão. Eu já tive depressão e é uma das piores doenças (ou seja lá que porra for) que se pode suportar. Dia e noite e a cada segundo, uma mão de aço aperta, estrangula o seu coração e a sua alma e a sua visão das coisas, presentes, passadas e futuras é totalmente negra. Nenhum fiozinho tênue de esperança surge para trazer um pouco de alívio. Ao contrário, sem providências médicas, você piora a cada dia e a escuridão vai se fechando em torno de você, tornando-o incapacitado para qualquer atividade produtiva.

Não tenho dúvidas: serei o primeiro a buscar os recursos da medicina, se achar que estou em processo de depressão. Por enquanto, acredito que estou num processo de dor e tristeza, comum e natural ao ser humano, quando ele se descobre portador de uma doença grave e de difícil cura".

E a vida não é assim. "O que dá pra rir, dá pra chorar...". O sofrimento, a dor são necessários (indispensáveis, mesmo) para o nosso auto-conhecimento, para o nosso crescimento, mas incomodam por demais as outras pessoas que, na fuga desesperada das suas próprias dores e dos seus próprios sofrimentos, terminam por se afastar justo no momento em que o amigo, o filho, o irmão, a mulher, o marido, o pai, a mãe, ou seja lá quem for, mais precisa.
A cultura ocidental não nos permite vivenciar os momentos de tristeza. Somos condicionados a sermos felizes 24 horas por dia e, quando não o somos, ouvimos das pessoas: "saia dessa, rapaz", "vá se divertir, sair com os amigos" e essas coisas. É quase vergonhoso estar triste. É preciso estar sempre aparentando uma felicidade, um equilíbrio de fachada para contentar as pessoas.


O problema do mundo é que a ordem é não suportar a dor. Qualquer tristezinha lá "na casa de nossa senhora", e lá vêm os anti-depressivos, os relaxantes, etc. Não sou contra de jeito nenhum. Até pelo contrário. Sempre que vejo algum amigo ou conhecido em processo de depressão, recomendo procurar um profissional e tomar remédio, porque depressão é um mal seríssimo e, felizmente, existe a farmacologia aí para aliviar esse desespero. Depois que estiver mais inteirinho, vai largando os remédios (as muletas) e volta a andar com as próprias pernas.

Eu não estou assim. Durante os 2 ou 3 primeiros dias pós picada, fico extremamente sensível e tristonho. Sem ânimo físico ou emocional para nada. Exceto ler. Depois, as coisas voltam ao normal e consigo trabalhar, fazer as coisas que tenho que fazer, de forma perfeitamente normal, sem idéia fixa na doença e nos problemas dela decorrentes. Estou triste, sim. E preciso conviver com a minha tristeza.

JÁ VI ESSA CENA... JÁ ESTIVE AQUI ANTES !

Quantos de nós já tiveram a sensação de ter estado em determinado lugar ou vivido uma situação que se repete, como no replay de um filme? Esta é uma questão frequente, levantada especialmente por leitores que chegam ao blog pela primeira vez e que buscam uma resposta, não familiarizados com o espiritismo. Dia desses, lendo o relato do jornalista Luciano Pires, conhecido por suas explorações pelo mundo, vi que tinha um material interessante a ser compartilhado.

Luciano conta que quando tinha 10 ou 12 anos, quando morava em Bauru (SP), teve um sonho do qual não se lembra detalhes, apenas a nítida e impactante visão de uma vila na encosta de uma montanha, com gramados verdes e casinhas. Algo inesperado de se encontrar na encosta de uma montanha. Já com espírito aventureiro, achou que a cena era no Tibet e que um dia eu iria até lá. Depois disso o Tibet passou a ter um significado especial para o jornalista, mas só depois de trinta anos, aos 44 anos de idade, realizou a aventura de caminhar até o campo base do Everest em 2001. E logo no início da caminhada teve uma surpresa que o deixou sem fôlego.

Já caminhando na trilha, a cerca de 2.600 metros de altitude, próximo da vila de Pahkding, observou na encosta de uma das montanhas uma pequena vila com a vegetação verde parecendo gramados. E as casinhas. Era exatamente aquele sonho de 30 anos atrás. Era a vila de seu sonho! Entre 12 e 15 casinhas tendo em frente um gramado com a característica local: a grama, ou seja lá o que fosse aquela vegetação verde, disposta em platôs como uma grande escada. “Mas o mais interessante — contou em seu diário de viagem ¬— foi que, assim que entrei na trilha tive uma sensação estranha. Eu sabia que ia ter a visão de meu sonho. A cada curva, esperava por ela. Não me pergunte a razão, era aquela intuição, sabe? Depois descobri que aquela era a vila de Chourikharka, onde moravam dois dos sherpas que nos acompanharam e com os quais mais me identifiquei”.

Neste momento, muitos estarão recordando de uma sensação semelhante. E isto é comum, ou mesmo absolutamente rotineiro, se considerarmos a vida como uma etapa de várias vidas, com pessoas e locais diferentes. Émile Boirac, um francês que viveu entre 1851 e 1917, foi quem utilizou pela primeira vez um termo para designar essa sensação: déjà vu, que quer dizer “já vi” em francês. O termo déjà vu implica em uma sensação de passado: já vi essa cena, esse lugar... Já estive aqui antes. Se assumirmos que o déjà vu é uma recordação, então temos que acreditar que já estivemos por ali antes, que já vivemos a mesma situação antes.

Para aqueles que não acreditam em reencarnação, a ciência explica que tal sensação vem de uma experiência original que não foi completamente codificada. Um acontecimento, um som, uma visão, um cheiro no presente podem ativar um fragmento de recordação daquele acontecimento do qual temos apenas uma vaga memória. Outra explicação é fisiológica: uma ação neuroquímica no cérebro dispararia lembranças de algo que jamais aconteceu, mas que parece ser familiar. A ciência tenta explicar, mas como ressalta Luciano Pires, “é muito mais interessante imaginar que você já esteve em outra vida ou que de alguma forma você viu o futuro. Às vezes a ciência pode ser muito sem graça.”

Concordo com ele, mas os leitores, convencidos ou não da reencarnação, devem levar em conta que existem situações ainda não analisadas convincentemente pela ciência. Principalmente quando se trata de recordações infantis, quando as influências de amigos, parentes e da sociedade pouco influenciam nos sonhos e lembranças. O exemplo mais convincente e intrigante do que quero dizer é o relato do livro “A Volta” (Editora BestSeller, 320 págs, R$.19,90) , de que já tratamos recentemente.