Retomo hoje ao tema das mudanças operadas no blog Partida e Chegada. Como os leitores assíduos bem sabem, na origem, este espaço nasceu do desejo de dar publicidade a psicografias havidas em reuniões de trabalho, colhidas e guardadas aleatoriamente ao longo de dois anos. Jamais se tratou de um trabalho direcionado a este fim, tanto que nunca houve vínculo com qualquer casa espírita, embora nosso grupo de trabalho inclua médiuns de três casas de Sorocaba (SP). Aliás, deixamos clara tal posição no artigo “Somos Independentes”.
A proposta foi buscar eventuais destinatários, mas, primordialmente, demonstrar aos que crêem ou não em reencarnação, a realidade de nossas vidas em dois planos. Este, o espaço do aprendizado e das realizações e o plano espiritual, onde temos plena consciência de nossas falhas, objetivos e laços de afinidade, de amor e de ódio. Por conta disso, acreditávamos que o conhecimento e a identificação com fatos semelhantes ajudariam as pessoas colhidas pela dor da perda, auxiliando no entendimento dos mistérios da vida. E esta expectativa mostrou-se tangível, a julgar pelas centenas de comentários e e-mails recebidos de todo o mundo.
Mensagens que, sintetizadas num “muito obrigado”, demonstram que nossas palavras falaram ao coração dos leitores. Como expliquei na postagem “A resposta quando precisamos”, os números e as manifestações demonstram que tem sido possível fazer algo efetivo, mas, com realismo, ainda longe do que gostaríamos e imensamente o oposto da enorme expectativa dos que nos escrevem. Como já ressaltamos inúmeras vezes, as comunicações mediúnicas são limitadas às condições dos espíritos que se foram, de seus familiares e das circunstâncias de vida e de desencarne de cada um. Não existe uma regra rígida para que ocorram e, embora possa parecer contraditório, esta é uma medida exata da justiça de Deus.
Portanto, espero que considerem eventuais mensagens psicografadas aqui reproduzidas como meras amostragens de situações, muitas das vezes, semelhantes às suas; instrumentos de consolo e de comprovação da vida após a morte. Não procurem tal elo como um fim em si mesmo ou mera satisfação de uma curiosidade. Vejamos, todos, em cada texto, seu sentido único, pois a morte também faz parte do sentido da vida e as respostas das quais precisamos nem sempre estão disponíveis quando queremos; mas sim quando precisamos.
Importante frisar isto, pois é a base de uma nova fase do blog Partida e Chegada. Realizamos um levantamento de todos os pedidos de psicografias recebidos — um total de 1542 em pouco mais de dois anos, quase duas por dia —, bem como das respostas eventualmente recebidas e validadas por familiares e chegamos a conclusão que menos de 1% (um por cento) das solicitações foram atendidas. Não raro, a frustração pelo “silêncio” dos entes que se foram ou a insatisfação com as palavras recebidas, levaram leitores a acreditarem-se no direito de “cobrar” o resultado desejado, algo fantasioso e que se limitava à seus íntimos sentimentos.
Contudo, como eu sempre repito, importa não esquecer o que Chico Xavier (o maior psicografo conhecido) dizia: "o telefone toca de lá para cá"'. As mensagens chegam à medida da necessidade, do merecimento de cada um. Não significa que se você não recebeu é porque não merece ou não necessita. Para quem está passando pela situação sempre há a necessidade e a sensação de merecimento, não é?
Mas, existem coisas que simplesmente acontecem e não podemos explicar. Desígnios que vem do alto, que não dá pra discutir ou contestar. Falo isso, porque muitos que chegam à nossa página criam uma expectativa de uma coisa que jamais acontecerá. Isso está exemplificado com perfeição nos livro "Por trás do véu de Isis", de Marcel Souto Maior. Nesta obra, ele relata a busca de várias pessoas por uma notícia de pessoas queridas, inclusive uma mãe que percorreu todos os lugares conhecidos e não conseguiu a resposta que queria, mas, ao ver resultados obtidos por outras pessoas, por outras mães, ela acabou encontrando a paz e o conforto para o seu coração.
Ainda que com a intenção de confortar, agindo no sentido de buscar comunicações, percebemos estar fazendo um desserviço aos leitores. E, muitas vezes, adiando situações de aprendizado que ficavam condicionadas a uma psicografia que jamais virá.
Por conta disso, decidimos não mais receber solicitações de mensagens, seja a qualquer título, pelo simples fato de que nossas limitações, as condições pessoais dos que se foram e de seus parentes, vêm criando uma imagem falsa de “eficiência”, que jamais buscamos. Pelo contrário, sempre quisemos ensinar pelo exemplo e pelas experiências de vida, pela lição de transpor dificuldades e crescer. Não do conforto pelo conforto, como que fortalecendo a autopiedade e o comodismo emocional. Continuaremos publicando as psicografias que nos chegam, ratificando a intenção inicial de usar exemplos de vida como setas para um novo caminho. Mas, o mais importante, como diz o escritor James Van Praagh, é que, independente da existência de mensagens exclusivas e constantes, é "compreender que a morte não lhe tomou o amor vivido no passado". A certeza, compartilhada por nossa crença, de que nossos entes queridos permanecem vivos.