sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

ENVELHECER JÁ FOI UMA SENTENÇA CRUEL


Envelhecer já foi um milagre, um sonho e também uma sentença cruel. Nossos poetas românticos, por exemplo, almejavam a vida curta, cravejada de muita tosse, e olhos fundos, aureolados de acentuadas olheiras. E, quando a vida se estendia, sentiam-se traídos pelo Destino, envergonhados diante da posteridade. Consta mesmo que um deles, aos 22 anos, preocupado com a hora final que tardava a soar, declarava-se com 20 anos – a fim de ampliar a chance de ser colhido ainda na juventude. Acabou não desapontando ninguém, nem a si próprio. Foi ceifado aos 23 anos.

Não fosse o fim precoce de seus autores, a maior parte da poesia romântica não teria sido escrita. A maior e a melhor, porque em toda a obra de Álvares de Azevedo poucos poemas se comparam à beleza de Se Eu Morresse Amanhã. O poeta deu o último suspiro aos 20 anos.

Assim também se foram para sempre Castro Alves, com 24, Casimiro de Abreu, com 21, e Junqueira Freire, com 22. Já Fagundes Varela, contrariando a tendência da época, partiu aos 33. E Gonçalves Dias, já um ancião: aos 41.

Mas isso são histórias do século XIX, quando viver não estava na moda. Hoje, mais do que viver simplesmente, está na moda a alegria de viver. De viver bem e largamente.

Sim, a ciência tem feito grandes progressos, ampliando o nosso tempo no mundo, pondo ao nosso alcance novos recursos para uma existência mais saudável. A vida ganhou em qualidade, prorrogando a juventude, sem com isso perder os benefícios da longevidade benvinda, que nos encontra com a cabeça boa e os cinco sentidos bem conservados. E tem sido isso o que vemos todos os dias: as pessoas se sentirem, se não cada vez mais jovens, cada vez menos velhas.

Como sinais exteriores, o jeans, a bermuda, a camiseta e o tênis deixaram de ser de uso exclusivo dos jovens e foram incorporados por gente de todas as idades, homens e mulheres, numa democratização dos costumes. E até as tatuagens podem ser vistas em muitos senhores e senhoras, os mesmos que não gostam de ser chamados de tios e tias pelos amigos dos filhos e dos netos.

Tenho 76 anos. O mais velho dos meus filhos está com 56 e o mais novo, 17. Me lembro que, quando nasceu o primeiro, me senti repentinamente envelhecido aos 19 anos. Quando o mais novo veio ao mundo, um sopro de juventude me alcançou e reforçou minha esperança e minha vontade de viver: eu tinha 58 anos. Meu pai, antes dos 60, apesar de saudável, já não sonhava nem fazia planos. Quando se aposentou, mandou também para a aposentadoria a esperança e o futuro. Futuro? Que futuro? Se aos 50 anos um chefe de família, bem de vida, não tivesse feito um bom seguro de vida e lavrado em cartório um testamento, passava por irresponsável. Era, portanto, no futuro dos descendentes que ele tinha de pensar. O dele já era.

Pertence também ao passado o estigma de solteirona que alcançava a mulher aos 25 anos. Imortalizada por Balzac, a mulher de 30 anos vivia, nessa idade, a plenitude de sua beleza e feminilidade. Precisava desfrutar rapidamente esse período, que durava, com muita sorte, até os 35 anos. Daí em diante começava a descer a escada da vida, como se dizia, ou – mais cruelmente falando – a entrar em declínio. Hoje não se cobra casamento de mulher em idade nenhuma e as de 50 e até 60 anos vivem momentos de glória. São elas as balzaquianas dos tempos atuais. Usam os recursos da ciência, é certo. A cosmética expande-se, a nutrição é uma especialização universitária, proliferam as academias de ginástica e há cada vez mais adeptos das caminhadas e da ioga. Mas, ao lado disso, as mulheres conquistaram também uma infraestrutura hormonal e emocional. São elas que vivem, hoje, com mais intensidade e que desfrutam maior prestígio social e profissional. São principalmente as que amam com mais entrega e desprendimento, generosas na oferta do prazer, mas que também não abrem mão de uma reciprocidade que lhes dê a mesma satisfação. Não dão, trocam. Não se oferecem, conquistam.

Vivemos hoje esse tempo solar, que ilumina os nossos dias e enche de luar as nossas noites. A ideia do amor à vida e à felicidade em qualquer idade não é nova, mas por muito tempo esteve camuflada por outra ideia: a de que o prazer é patrimônio da juventude. Não é. Vale lembrar, para terminar, uma reflexão de Sófocles, feita 400 anos antes de Cristo: "Ninguém ama tanto a vida como a pessoa que envelhece".

Vida longa e feliz para todos!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

SAGRADO : ENTENDENDO O ESPIRITISMO







Voltando a falar do programa "Sagrado", exibido pela Rede Globo e Canal Futura, trazemos hoje uma entrevista do ator Carlos Vereza com o presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Antonio Cesar Perri de Carvalho. Nos vídeos acima ele fala também à jornalista Ana Maria Braga, do programa "Mais Você", onde a série é apresentada de forma compacta às sextas-feiras, sempre repercutindo o assunto da semana.

Todas as peças da série Sagrado começam com uma participação de atores e atrizes que, de alguma forma, estão relacionados à religião de cada episódio. Nem todos professam a tradição que representam, mas aceitaram participar por entenderem que o projeto contribui para um importante debate de ideias e com a liberdade religiosa que já existe no Brasil. São eles: Tony Ramos (catolicismo); Oscar Magrini (protestantismo); Stênio Garcia (islamismo); Nathalia Timberg (judaísmo); Carlos Vereza (espiritismo); Juliana Paes (religiões afro-brasileiras) e Christiane Torloni (budismo).

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O MUNDO E O PALCO DA VIDA


O mundo é um palco, onde representamos o grande espetáculo da vida.

Entre cenários multicoloridos, vivemos personagens de diferentes formas, somos atores e condutores de nossos destinos.

Trazemos conosco momentos da mais pura alegria, tristezas, revoltas, mágoas, emoção, tudo em sua hora e lugar.

O texto sabemos na ponta da língua, não porque decoramos, mas porque sabemos sentir o que vai pelo coração.

Não somos perfeitos, há sempre uma ou outra falha em nossas cenas diárias, mas também sabemos nos corrigir, quando somos alertados.

Mas tudo vale à pena, e saber que cada dia bem vivido, será sempre aplaudido pelo nosso Criador, que espera não a nossa perfeição, mas a boa vontade de melhorarmos cada dia mais.

Maria Lucia Baptista
Mongaguá (SP)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MÃE, ESTOU ESPERANDO PARA RECEBÊ-LA


"Em meio à confusão de minha mente te procurei sem saber que já estava longe de tua presença querida.

Assim fiquei só, com meus pensamentos e o silêncio veio habitá-los, como uma nova morada de paz.

Apenas por lembrá-la, fez com que novo rumo se mostrasse diante de mim, iluminando a estrada que agora deveria percorrer.

Doce paz de meus dias, mãe amada, que tantas vezes me embalou em meio às tristezas da vida.

Sinto-te através das preces que a mim envias e agradeço a Deus por ter sido nessa existência teu filho.

Muito... sei que devo aprender a caminhar com meus próprios pés, na vida que me chama.

Aprender as lições que preciso compreender, para um dia estar preparado para recebê-la e retribuir-lhe todo carinho e amparo que sempre me deste.

O amor não tem limites e o bem maior de amar é compreender o quanto erramos e que através do arrependimento damos o primeiro passo para alcançar a paz interior.

Anjos nos esperam, com mãos de luz, para sempre amparar os que através da transformação íntima encontram o verdadeiro caminho de Deus.

Querida mãe, receba meu abraço e minha eterna gratidão".


Assinado : Adalberto (psicografia)

Data: 16 de julho de 2009
Local : Mongaguá (SP)
Médium: M.L.B
Imagem: Flickr. Autor: L'Enfant Terrible

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

COMO LIVRAR-SE DA TRISTEZA ?


Uma das questões que mais suscita ansiedade nos seres humanos é: como livrar-se da tristeza? Este sentimento é, talvez, o mais prontamente rejeitado quando surge no interior de alguém. Entretanto, ele é parte indissociável da vida, tanto quanto a alegria. Aceitar esta verdade reduz, em grande parte, o mal estar que experimentamos quando somos tomados pela tristeza.

Aceitar não significa querer cultivá-la para sempre, nem considerá-la agradável, mas sim reconhecê-la como uma demonstração importante de sensibilidade, qualidade imprescindível à condição humana.

Quanto mais tentamos negar a tristeza ou rejeitar este sentimento, querendo que ele desapareça o mais rápido possível, mais difícil será nos libertamos, pois tudo o que é negado ou reprimido tende a se tornar ainda mais forte e predominante em nós.

Devemos aceitar com tranqüilidade que, em algumas circunstâncias, é impossível e antinatural não sentir tristeza. Porém, não podemos perder de vista, nem mesmo nestes momentos, que a felicidade deve sempre ser a meta principal da vida, por pior que seja a situação que estejamos enfrentando.

Ter em mente que aquela situação é uma realidade momentânea, e não será definitiva, nem a única condição possível para o resto de nossas vidas, ajuda-nos a ter forças para construir uma nova disposição interior.

"Aceite a tristeza como parte da vida - não resista a ela, permita-a, ajude-a. E este é o caminho alquímico para transformar de modo total a natureza da tristeza. A natureza da tristeza torna-se clara. Em pouco tempo não é mais tristeza - ela é transformada em alegria.

Tristeza permanece tristeza se você luta com ela, se você a nega, se você a rejeita.
A tristeza permanece tristeza se você está contra ela - de outra forma, a tristeza é pura energia. Se você a recebe, se você a abraça, se você não tem medo dela, nem raiva dela, você ficará surpreso, imensamente surpreso: você terá mudado totalmente a natureza dela, ela não é mais tristeza. Mesmo as lágrimas começam a se tornar sorrisos, e a tristeza se torna silêncio.

Tudo aquilo que nós conhecemos como negativo pode ser transformado em positivo.
E o segredo é simples: aceitação, total aceitação. Nada tem de ser condenado, de nenhuma maneira. Tudo que vier tem de ser recebido com grande gratidão, como um presente de Deus. E você estará pronto para transformar flores em espinhos e pedras comuns em diamantes. A vida absolutamente ordinária começa a apresentar o sabor do extraordinário.

Então, nada é ordinário, porque tudo começa a se tornar uma excitação. Nada é ordinário - porque você está tão extático a respeito de tudo...

Embora você esteja se movendo no mesmo mundo, com as mesmas pessoas, você pode viver em um mundo totalmente diferente - e não ser parte de nada mais. Um tipo de transcendência acontece. Mesmo a morte é tão profundamente aceita que desaparece todo o medo e mesmo ele se torna uma dança" (OSHO - The Rainbow Bridge).

domingo, 3 de janeiro de 2010

O QUE VALEU A PENA HOJE ? (ANTES DO DIA PARTIR)


Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro O Amor Acaba, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente. Eu tenho, há anos, isso como lema.

É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava ermo dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida.

Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.

Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes.

Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.

Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.

Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele.

Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar.

Na sexta, o dia não partiu inutilmente só por causa de um cachorro-quente.

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado: batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado.

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.

É muita condescendência com o cotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã.

sábado, 2 de janeiro de 2010

ENCONTRO AQUELES QUE PARTIRAM


"Como vão meus queridos!
Saudades imensas de todos que ficaram nesse plano da Terra.
Tive que partir assim rapidamente, para que a dor não fosse maior e não deixasse marcas ainda maiores.

Filhos amados, amigos queridos, familiares, hoje posso compreender que precisamos nos cuidar das doenças mentais, ou seja, das preocupações e amarguras que as vezes passamos em nossa trajetória pela casa Terra.

Por muito tempo, vivi em lutas com meus pensamentos, que talvez por falta de fé, me levaram por caminhos das tristezas.

Deixamos de acreditar que não estamos sós, que há pessoas a nossa volta que se preocupam e que nos amam, deixamos assim de viver, por falta de acreditar no amor das pessoas que nos cercam.

Após longos sofrimentos de incompreensão e revolta, encontrei o caminho Divino da paz, onde pude constatar que a vida brilha no mai alto, que todos têm a oportunidade de encontrar o real sentido da palavra amor.

Encontrei com aqueles que antes de mim partiram e esse reencontro foi o momento mais feliz que possa existir entre esses dois planos.
Vivam em paz e sejam felizes.
Não deixem passar a oportunidade de conviver em paz com todos.
Muita luz e meu amor a vocês".

Assinado : Célia (psicografia)

Data: 03 de dezembro de 2009
Local : Mongaguá (SP)
Médium: M.L.B
Imagem: Flickr. Autor: h.hoppdelaney

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

DOYLE: CRIADOR DE SHERLOCK E O ESPIRITISMO

Arthur Conan Doyle é, nos meios profanos, um nome sobejamente conhecido pelos seus famosos romances policiais, pelas estórias do “detetive Sherlock Holmes”. Na seara espírita é respeitado e admirado como valoroso propagador da Terceira Revelação, pela firmeza de suas convicções, pela lisura de seu procedimento e pela honestidade e distinção com que discutia os postulados do Espiritismo e respondia às criticas adversas.

A maior aspiração de todo cidadão inglês é, sem dúvida alguma, ascender a Par do Reino Unido da Grã-Bretanha, e no entanto Conan Doyle não aceitou tão alta distinção, pois que para isso teria, antes, de abjurar o Espiritismo.

Ele preferiu ficar com o Espiritismo, porque no seu entender a verdade pairava muito acima de qualquer privilégio humano, e a verdade estava toda inteira no Espiritismo!

Conan Doyle foi educado pelos jesuítas, mas em 1882, ao concluir o curso de Medicina, tornou-se materialista.

Em seu materialismo, porém, como muito bem acentuou José Brígido, em seus magníficos artigos insertos em “Reformador”, “era mais de superfície”, pois jamais deixara de ser fervoroso deísta, e explicava este verdadeiro contra-senso com o seguinte episódio:

Em uma noite estrelada, Napoleão, dirigindo-se a alguns professores ateus, quando em marcha para o Egito, perguntou-lhes:

- Senhores, quem fez estas estrelas?, porque, evidentemente, se dissermos que o Universo é a resultante da ação de leis imutáveis, teremos de concordar que este pressuposto nos há de levar a fazer esta nova inquirição: Quem é o autor dessas leis?

Mas, em 1886 a atenção de Conan Doyle foi despertada para os fenômenos espíritas. E “o mundo que o admirava, por suas talentosas produções novelescas, recebia-o agora como pregoeiro da Nova Revelação, semeador incansável e destemido das verdades da sobrevivência da alma e sua comunicação com os chamados vivos”.

Houve mesmo quem o cognominasse de “São Paulo do Espiritismo”.

Acreditava ele que o maior valor da Doutrina Espírita estava no seu aspecto religioso ou moral, e esse seu pensamento foi reafirmado, em 1928, quando do Congresso Espírita Internacional, realizado em Londres, ao dizer: “... considero muito importante pôr em evidência, cada vez mais, o lado religioso do Espiritismo.”

Há uma passagem curiosa na vida de Conan Doyle: realizava ele suas experiências medianímicas, através da chamada mesa girante, quando então teve oportunidade de perguntar às entidades espirituais quantas moedas trazia nos bolsos, e a mesa lhe respondeu:

- Estamos aqui para instruir e elevar as almas, não para adivinhações – acrescentando – o que queremos implantar é um estado d'alma religioso e não de crítica.

Conan Doyle verificou, desde logo, que realmente os ensinos dos Espíritos lançavam forte luz sobre todas as passagens evangélicas, tanto que o levou a escrever, em seu livro intitulado “História do Espiritismo”, estas palavras:

“Perguntar-se-á por que as antigas religiões não salvam o mundo de sua degradação espiritual. Responderemos: todas tentaram faze-lo, mas todas têm fracassado. As Igrejas que as representam degeneraram e se tornaram mundanas e materiais. Perderam o contacto com a vida do espírito e se contentaram com o referir-se aos tempos antigos e entregar-se a umas orações e a um culto externo à base de tão arrevesadas e incríveis teologias, que a inteligência honrada sente náuseas só em pensar nelas. Ninguém há se mostrado tão céptico e incrédulo acerca das manifestações do Espiritismo como o clero, não obstante ostentar uma crença que só se funda em fatos análogos aos nossos, ocorridos outrora; sua absoluta negativa em aceitar agora esses fatos, dá a medida da sinceridade de suas convicções.”

O Espiritismo exerceu notável influência na vida de Conan Doyle, e tanto isto é verdade que, em seu precioso livro “A Nova Revelação”, ele se serviu das palavras do grande pensador e poeta Gerald Massey, para externá-las como suas: - “O Espiritismo foi para mim, do mesmo modo que para muitos outros, como que uma elevação do meu horizonte mental e a entrada do céu. Foi como que a fé a se formar dos fatos. Tanto assim que a vida, sem ele, eu só a posso comparar a uma travessia feita, a bordo de um navio com as escotilhas fechadas, por um prisioneiro que vivesse todo o tempo alumiado pela luz de uma vela e a quem, de súbito, numa esplêndida noite estrelada, permitissem subir pela primeira vez ao tombadilho, para contemplar o prodigioso mecanismo do firmamento, flamejando a glória de Deus.”

Depois que terminou seus seis volumes sobre a “História da Primeira Guerra Mundial”, consagrou Conan Doyle todo o seu tempo à causa do Espiritismo. Por toda parte, consideráveis multidões assistiam às suas conferências, durante as quais desenvolvia os artigos de sua nova fé religiosa: - o Espiritismo!

Conan Doyle dispunha de inigualável poder de observação e dedução, sem sombra de dúvida um missionário que fez o Espiritismo conhecido e respeitado na culta Inglaterra; e ele, tal como o inconfundível mestre Allan Kardec, chegou à conclusão lógica, conclusão, aliás, a que chegam todos os homens cultos e sinceros, que o Espiritismo, sem a feição religiosa, foge completamente à sua finalidade – encaminhar as criaturas para Deus!

Título original : Arthur Conan Doyle
Autor: Sylvio Brito Soares
Fonte: Os Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo