quarta-feira, 27 de junho de 2007

MÃE, NÃO SE DEIXE MORRER - Camila

“Hoje eu preciso falar... Meu nome é Camila. Fui Feliz enquanto vivi. Tive meus pais a quem amei e fui filha única. Sempre ouvi meus pais e avós dizerem que eu era um exemplo. Que era delicada, meiga, carinhosa, tímida e boa aluna. Fiz balé, gostava de piano e amava a natureza. Os pássaros eram a minha alegria. Quando eu abria a janela, logo pela manhã e eles vinham como que me cumprimentar fazendo festa com seus cantos, seus gorjeios e trinados.

Não vivi muito. Tinha quinze anos quando fui tirada dos meus pais. Eu já imaginava que não viveria muito, pois a vida parecia ser muito boa pra mim. Tudo era perfeito. Mas minha mãe precisava entender alguma coisa. Precisava compreender que nada nem ninguém é de ninguém. Que o que tem, não passam de presentes divinos, coisas que nos são emprestadas...


Assim foi. Eu fui emprestada a ela, mas ela se apegou tanto, que por nada nem por ninguém, queria me devolver. Quando fui levada, ela não conseguiu aceitar que, assim como uma boneca emprestada de uma amiga, teria que devolver. Ela quis ficar com a boneca e não se preocupou com o verdadeiro dono. Ela sofre e paga um preço alto por não aceitar os desígnios de Deus.

Talvez pudéssemos estar juntas ainda, mas talvez o excesso de apego tenha nos separado mais cedo. Amo meu paizinho e sei que ele compreende. É um santo homem. Crê em Deus e sabe que nos veremos novamente. Não tenho conseguido ajudar minha mãe em sua batalha, mesmo porque ela só faz lamentar.

Fico triste às vezes, por ela, mas nada posso fazer. Só orar e pedir ao Pai que a conforte. Quero dizer que estou bem. Cuido de pequenos seres que sentem ainda a falta de suas mães. É um aprender infinito. Aprendi que sinto falta dos que amei na terra, mas que me faço necessária para tantos que, como eu, foram chamados.


Minha mãe Laura, te amo, mas nada posso fazer para preencher o vazio que a senhora tanto se esforça para manter. Cuida do meu jardim que há tempos está abandonado e dedique mais tempo ao meu pai que tanto sofre por vê-la morrer lentamente.

Seu corpo também é emprestado. Assim como fui emprestada a você. Não o deixe perecer ou terá de prestar contas pelo seu mau uso. Sempre seremos obrigados a prestar contas do que nos foi confiado. Não se deixe morrer. Há muito mais a fazer por tantos que necessitam do seu amor. Direcione esse amor a outras pessoas e isso lhe fará um grande bem. Me preocupo com você. Beijos carinhosos e cheios de preocupação.


Meu paizinho! Eu te amo e sinto falta de quando brincávamos de cavalinho. Upa, upa cavalinho... lembra? Preciso ir. Estou bem e feliz. Meu tio Carlos está comigo e manda muitos abraços saudosos. Com muito carinho e amor...”

Assinado : Camilinha
Data : sem data.
Local : Sorocaba ( SP )
Médium : S.A.O.G

Um comentário:

Ya Cavalcanti disse...

gostaria de receber uma mensagem de meu avô, o nome dele é Antônio Batista Cavalcanti, nasc. 13/06/1916 desencarnou em 23/07/2009-