sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

DOYLE: CRIADOR DE SHERLOCK E O ESPIRITISMO

Arthur Conan Doyle é, nos meios profanos, um nome sobejamente conhecido pelos seus famosos romances policiais, pelas estórias do “detetive Sherlock Holmes”. Na seara espírita é respeitado e admirado como valoroso propagador da Terceira Revelação, pela firmeza de suas convicções, pela lisura de seu procedimento e pela honestidade e distinção com que discutia os postulados do Espiritismo e respondia às criticas adversas.

A maior aspiração de todo cidadão inglês é, sem dúvida alguma, ascender a Par do Reino Unido da Grã-Bretanha, e no entanto Conan Doyle não aceitou tão alta distinção, pois que para isso teria, antes, de abjurar o Espiritismo.

Ele preferiu ficar com o Espiritismo, porque no seu entender a verdade pairava muito acima de qualquer privilégio humano, e a verdade estava toda inteira no Espiritismo!

Conan Doyle foi educado pelos jesuítas, mas em 1882, ao concluir o curso de Medicina, tornou-se materialista.

Em seu materialismo, porém, como muito bem acentuou José Brígido, em seus magníficos artigos insertos em “Reformador”, “era mais de superfície”, pois jamais deixara de ser fervoroso deísta, e explicava este verdadeiro contra-senso com o seguinte episódio:

Em uma noite estrelada, Napoleão, dirigindo-se a alguns professores ateus, quando em marcha para o Egito, perguntou-lhes:

- Senhores, quem fez estas estrelas?, porque, evidentemente, se dissermos que o Universo é a resultante da ação de leis imutáveis, teremos de concordar que este pressuposto nos há de levar a fazer esta nova inquirição: Quem é o autor dessas leis?

Mas, em 1886 a atenção de Conan Doyle foi despertada para os fenômenos espíritas. E “o mundo que o admirava, por suas talentosas produções novelescas, recebia-o agora como pregoeiro da Nova Revelação, semeador incansável e destemido das verdades da sobrevivência da alma e sua comunicação com os chamados vivos”.

Houve mesmo quem o cognominasse de “São Paulo do Espiritismo”.

Acreditava ele que o maior valor da Doutrina Espírita estava no seu aspecto religioso ou moral, e esse seu pensamento foi reafirmado, em 1928, quando do Congresso Espírita Internacional, realizado em Londres, ao dizer: “... considero muito importante pôr em evidência, cada vez mais, o lado religioso do Espiritismo.”

Há uma passagem curiosa na vida de Conan Doyle: realizava ele suas experiências medianímicas, através da chamada mesa girante, quando então teve oportunidade de perguntar às entidades espirituais quantas moedas trazia nos bolsos, e a mesa lhe respondeu:

- Estamos aqui para instruir e elevar as almas, não para adivinhações – acrescentando – o que queremos implantar é um estado d'alma religioso e não de crítica.

Conan Doyle verificou, desde logo, que realmente os ensinos dos Espíritos lançavam forte luz sobre todas as passagens evangélicas, tanto que o levou a escrever, em seu livro intitulado “História do Espiritismo”, estas palavras:

“Perguntar-se-á por que as antigas religiões não salvam o mundo de sua degradação espiritual. Responderemos: todas tentaram faze-lo, mas todas têm fracassado. As Igrejas que as representam degeneraram e se tornaram mundanas e materiais. Perderam o contacto com a vida do espírito e se contentaram com o referir-se aos tempos antigos e entregar-se a umas orações e a um culto externo à base de tão arrevesadas e incríveis teologias, que a inteligência honrada sente náuseas só em pensar nelas. Ninguém há se mostrado tão céptico e incrédulo acerca das manifestações do Espiritismo como o clero, não obstante ostentar uma crença que só se funda em fatos análogos aos nossos, ocorridos outrora; sua absoluta negativa em aceitar agora esses fatos, dá a medida da sinceridade de suas convicções.”

O Espiritismo exerceu notável influência na vida de Conan Doyle, e tanto isto é verdade que, em seu precioso livro “A Nova Revelação”, ele se serviu das palavras do grande pensador e poeta Gerald Massey, para externá-las como suas: - “O Espiritismo foi para mim, do mesmo modo que para muitos outros, como que uma elevação do meu horizonte mental e a entrada do céu. Foi como que a fé a se formar dos fatos. Tanto assim que a vida, sem ele, eu só a posso comparar a uma travessia feita, a bordo de um navio com as escotilhas fechadas, por um prisioneiro que vivesse todo o tempo alumiado pela luz de uma vela e a quem, de súbito, numa esplêndida noite estrelada, permitissem subir pela primeira vez ao tombadilho, para contemplar o prodigioso mecanismo do firmamento, flamejando a glória de Deus.”

Depois que terminou seus seis volumes sobre a “História da Primeira Guerra Mundial”, consagrou Conan Doyle todo o seu tempo à causa do Espiritismo. Por toda parte, consideráveis multidões assistiam às suas conferências, durante as quais desenvolvia os artigos de sua nova fé religiosa: - o Espiritismo!

Conan Doyle dispunha de inigualável poder de observação e dedução, sem sombra de dúvida um missionário que fez o Espiritismo conhecido e respeitado na culta Inglaterra; e ele, tal como o inconfundível mestre Allan Kardec, chegou à conclusão lógica, conclusão, aliás, a que chegam todos os homens cultos e sinceros, que o Espiritismo, sem a feição religiosa, foge completamente à sua finalidade – encaminhar as criaturas para Deus!

Título original : Arthur Conan Doyle
Autor: Sylvio Brito Soares
Fonte: Os Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo

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