sexta-feira, 20 de novembro de 2009

TRAGÉDIAS CONVIDAM A REFLETIR SOBRE A VIDA

"Não sou o mais conhecido, sou o mais velho." (Divaldo Franco)

Apesar da humildade, o médium espírita Divaldo Pereira Franco é, hoje, o principal nome do espiritismo no Brasil e no mundo. Há mais de seis décadas divulgando o trabalho espírita, o homem de 82 anos, de fala pausada e clara, já psicografou 211 livros, publicados em 98 países e traduzidos para 17 idiomas. Em palestra realizada no início de novembro, em Blumenau (SC), para cerca de 2 mil, ele falou sua a mediunidade, a vida, a morte e as tragédias que nos abalam (para o bem e paua o mal). O divulgador do espiritismo, terceira maior religião do Brasil, teve sua primeira experiência mediúnica aos quatro anos. Em 1952, fundou a Mansão do Caminho, em Salvador (BA), que cuidou de mais de 30 mil crianças. Veja abaixo a entrevista concedida ao Jornal de Santa Catarina:

Você conhece a comunidade espírita de Blumenau? Como é a atividade aqui na região?

Divaldo Pereira Franco - Tenho vindo aqui há mais de 40 anos. Considero umas das organizações de melhor qualidade doutrinária, tanto em número de adeptos quanto em qualidade e a forma como a doutrina espírita é divulgada na região.

O espiritismo pode ajudar a entender a tragédia de novembro de 2008 no Vale?

Allan Kardec estudou essas ocorrências trágicas no Livro dos Espíritos, na Lei de Destruição. Ele perguntou aos espíritos por que acontecem essas tragédias coletivas. Os espíritos responderam que elas fazem parte de um processo da evolução das massas. Como tudo se renova, é natural que ocorram tragédias dessa magnitude para chamar a atenção das criaturas humanas sobre a precariedade da vida na Terra e da imortalidade. As pessoas que foram vitimadas, com certeza tinham grandes débitos perante a consciência cósmica. A grande tragédia do ano passado convida-nos para uma reflexão a respeito da finalidade da vida. Para a cidade foi uma provação, uma dor coletiva da qual resultam benefícios morais muito significativos. Agora pode-se planejar a comunidade dentro de outros valores.

Com o clima de Natal já na cidade, como é a relação do espiritismo com essa data?

Nós somos cristãos e em face disso o Natal tem o grande significado da revolução causada por Jesus. Eu sempre me recordo de uma frase notável de um imortal da Academia de Letras da França, chamado Ernest Renan. No dia 22 de fevereiro de 1862, dando uma aula inaugural no Collège de France, ele disse que Jesus era um homem incomparável. Mais tarde, quando ele apresentou seu livro A Vida de Jesus, ele fez uma referência que define muito bem o nosso pensamento: Jesus foi tão extraordinário que dividiu a história da humanidade. Por sua vez, Allan Kardec, o codificador do espiritismo, perguntou às entidades venerandas, conforme a questão 625 do Livro dos Espíritos: qual o ser mais perfeito que Deus ofereceu à humanidade para servir-lhe de guia e de modelo? Os espíritos responderam: Jesus. É para nós, portanto, o modelo que procuramos seguir.

Com 62 anos de estrada, como você vê a evolução na quebra de barreiras e preconceitos em relação ao espiritismo?

No tempo em que eu comecei, havia muitas dificuldades, por causa das tradições religiosas e os preconceitos científicos. Dizia-se pelos idos de 1940 que o espiritismo era uma superstição e que os médiuns eram portadores de psicopatologias. Mas o espiritismo é uma doutrina tão fascinante que desmentiu as calúnias através de atos. Os médiuns foram estudados por diversas áreas e chegou-se à conclusão que a mediunidade, em vez de um transtorno, é uma conquista. Naturalmente, graças à mídia, que abre suas portas, o espiritismo se tornou tão natural que hoje raramente alguém pode ter qualquer preconceito. No Brasil, em particular, a obra de assistência social é tão grande que quase compete com a do governo federal.

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