quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SOU UM ESPÍRITO INFELIZ ...


“Meu nome é Lucinda. Lucinda Carmona. Sou um espírito infeliz. Talvez infeliz por minha própria culpa. Afinal, acho que provoquei até mesmo a minha morte. Sempre me senti abandonada por Deus e nunca tive muita paciência pra ouvir os conselhos daqueles que pronunciavam sua palavra.

Morri aos 63 anos. 63 anos de total infelicidade. Tive três filhos, mas meu preferido era o Edinho. Mas ele, como todas as pessoas que amei, me abandonou. Cuidei dele com amor, carinho, mas quando deveria ser recompensada por tanta dedicação, ele se foi, arrumou uma mulher qualquer e foi embora. Construiu uma família e disse que era feliz. Pouco me visitava e com o tempo essas visitas ficavam cada vês mais escarras. Hoje vejo que também provoquei isto com tanta cobrança.

Meu câncer, este que pôs fim à minha existência, também deve ter sido causado por mim.
Meu marido me traía e eu amaldiçoava a vida, achando que não merecia aquilo tudo. Hoje acho que nem ele agüentava tanta negatividade, tanto amargor, tanta reclamação. Acho que provoquei todo o infortúnio por que passei.

Por muito amor a Edinho, esqueci minhas duas filhas. Eu achava que elas não precisavam de mim tanto quanto ele. Dediquei tudo: tempo, amor, carinho; tudo aos dois homens que nunca me retribuíram tanto afeto, tanto desvelo.

Peço a Deus Pai que me ajude a superar tanto sentimento ruim. Tanto amargor. Preciso de ajuda, de preces e de sentir que meus erros podem ser reparados.

Me fez bem falar, desabafar e deixar meu testemunho. Talvez possa servir para ajudar outros que se encontram nesta mesma situação. Quero que saibam que era mais forte que eu, que era incontrolável esse sentimento de posse. Não achava que fazia mal às pessoas que eu amava. Peço perdão a Deus e espero ter uma nova oportunidade para ser mais forte e, ao invés de querer aprisionar, amar e me doar incondicionalmente.

Vi que era amada depois que morri. Vi que fazia falta, que meu filho lamentava minha intransigência em relação à sua família. Peço perdão a ele. Peço perdão a meu marido e minhas filhas. Peço que vocês orem por mim e, a partir de hoje, meus olhos se abrirão e buscarei um lugar para melhorar e crescer como espírito. Acho que chegou a hora de me libertar dos sentimentos pequenos e elevar meu pensamento a Deus e a seus ensinamentos.

Agradeço mais uma vez a oportunidade de estar aqui e mostrar a mim mesma o caminho certo. Um abraço”.

Assinado: Lucinda Carmona

Data : 07 de outubro de 2009
Local : Sorocaba (SP)
Médium: S.A.O.G.
Foto: Daniel Pigatto (Flick)

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