terça-feira, 19 de maio de 2009

LIMITAÇÕES NOS ENSINAM A VIVER


"Meu filho foi diagnosticado com DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção). É desatento, tem baixo rendimento escolar e quase nenhuma concentração. Demos algumas tarefas pra ele desde os sete anos no intuito de estimular a responsabilidade, como arrumar o quarto dele, pegar a sujeira do cachorro, e tirar a sacola de lixo do banheiro. Sempre é a mesma coisa, na mesma ordem, todo dia, mas ele sempre me pergunta: 'Mãe o que é que eu tenho fazer mesmo?" Eu repito tudo de novo aí ele diz: 'Ahhhhhh...'. Essas coisas 'domesticas', por si só, não levam ao medicamento, mas o rendimento escolar sim. O caso é que o DDA é pra vida toda... E o remédio (ritalina) também... e os efeitos colaterais idem, pois não posso esquecer que é uma anfetamina. Quanto a ser 'índigo' (possibilidade que acredito), e por ser espirita, fiquei dividida. Penso que se as crianças índigo são uma realidade, será justo eu drogá-lo a pretexto de fins medicinais? Se ele soubesse dos riscos pudesse discernir sabendo que será assim pro resto da vida será que escolheria tomar? Não acho que por ser índigo trouxeram alguma varinha magica ao nascer, mas acredito sim que um outro ponto de vista, idéias inovadoras e outras reminiscências de suas vidas pretéritas podem sim ajudar a mudar nosso planeta. Medicá-lo não seria calar essas lembranças, essas sensações e atrapalhar os desígnios da espiritualidade. Esse é meu medo maior, além dos efeitos colaterais claro, pois a escolha é minha e não dele. Quando saímos da médica, ele pediu pra eu comprar o remédio, dizendo 'eu quero tomar mamãe, assim vou conseguir ser igual as outras crianças e todos vão me aceitar e gostar de mim..." E arrematou assim: "aí você vai ficar feliz comigo né??' Imagine com ficou meu coração? A solução que encontrei por hora foi o placebo. Gostaria de uma opinião." L.C. (Rede de Amigos)

Já falamos crianças índigo e sobre meu posicionamento crítico, principalmente em relação ao que os norte-americanos defendem. Afinal, um espírito especial (que assim, ou qualquer outro nome identifique) e que, como dito, questiona todo tipo de autoridade e rigidez dos pais, muitas das vezes pode ser confundido tão-só com uma criança rebelde e mal educada. Pois creio que a positividade no quebrar as regras passa pela justificada motivação e pela conduta de fazê-lo. Gandhi foi um expoente da desobediência civil, quebrando regras e afrontando o poder de um rico Estado europeu pregando a não violência.

É preciso o equilíbrio e é sabido que crianças precisam de limites claros e bem definidos para se desenvolverem. Mas como estabelecer esses limites com crianças que estão nos questionando o tempo todo, que quebram regras, que não aceitam respostas simplistas ou autoritárias? Por vezes, é uma tentação deixar de lado, fazer de conta que não viu, mas trata-se de um risco. Dizem os educadores que ter uma criança mal-educada em casa é como ter uma bomba prestes a explodir. Ter um "espírito especial" mal-educado em casa é como ter em mãos uma bomba atômica. Tudo para essas crianças é potencializado. Para o bem e para o mal. Pense na hipótese de que Hitler tivesse traços de uma "espírito especial", no sentido de questionamento e inteligência. Sua trajetória, e especialmente as idéias que assimilou durante a primeira infância, certamente contribuiram para transformar-se no que sabemos.

Para mim, seres especiais e superiores são "seres prontos", no sentido de caráter e caridade. As chamadas "índigo" são apenas "espíritos velhos", experientes por encarnações anteriores, preparados e inteligentes. Mas isto não chega a ser necessariamente positivo. Podem ser seres com potencial maior para ajudar, mas precisam dos pais tanto quanto qualquer ser humano para crescer sadio, pleno.

No tocante às suas dúvidas quanto ao tratamento, acredito que as dificuldades enfrentadas por ele não podem ser encaradas fora da realidade da reencarnação. O próprio Chico Xavier, que nasceu com uma especial missão, perdeu a mãe aos cinco anos, foi entregue a uma casa estranha, onde apanhou sem motivação. Começou a trabalhar aos dez anos num ambiente insalubre, com excesso de pó; depois como caixeiro, numa jornada de catorze horas por dia. Em 1931, perdeu a visão do olho esquerdo, passando por cinco operações cirúrgicas de grande risco. Disse certa vez: "Sempre lutei com doenças e conflitos em meu corpo e minha mente. Tantos problemas vão me ajudando a viver e compreender a vida". Curioso saber que nunca se submeteu a cirurgias espirituais, pois acreditava que devia se tratar convencionalmente e conviver com suas dificuldades. No mesmo sentido foi a resposta de Emmanuel quando questionou o mentor sobre sentido de suas doenças: "As lutas e as caminhadas pelo bem não excluem as limitações".

Entendo que há uma razão para o nascimento de seu filho com este caráter especial. Afinal, a dificuldade de aprendizado fez parte da história de vida de verdadeiros gênios. Esse é o caso, por exemplo, de John Nash Jr, retratado há pouco tempo atrás no filme "Uma mente brilhante", que foi diagnosticado com esquizofrenia. Mas ele emergiu como um prodígio da matemática aos 21 anos e fundou a economia moderna. Participou como cientista militar -- quando acreditava ser perseguido por comunistas -- e, internado depois de uma crise psicótica, passou anos alheio, vagando pelo campus de Princeton, onde o apelidaram de "fantasma". Conseguiu recuperar a sanidade de forma milagrosa e suficiente para receber o Prêmio Nobel em 1994.

No caso do DDA, o tratamento baseia-se em medicação e não acredito que esta tenha o condão de anular as qualidades espirituais de seu filho. Mas, melhor do que eu, você sabe que é importante que seja avaliada com critério em função dos efeitos colaterais. Soube que mais de 80% dos portadores de TDAH beneficiam-se com o uso de medicamento, mas, em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso. Em hipótese semelhante, acompanhei um amigo que sofreu por quase um ano com as consequências da Hepatite C, entre elas a mais avassaladora foi a depressão. Tentando o suicídio por pelo menos duas vezes, acabou sendo medicado fortemente e acabou quase que perdendo completamente a personalidade. À época, disse à sua mãe que seu estado estava estacionado pelo excesso de medicamentos, o que se comprovou com a melhora progressiva, na medida que foi reduzida a carga de remédios. Por fim ele conseguiu se equilibrar com o fortalecimento da crença em Deus.

Esta mesma crença, fortalecida pelo entendimento da filosofia espírita, lhe ajudará nesta caminhada. Por tudo que disse, acredito que não deve excluí-lo do tratamento, pois pode ser o que ele mais precisa no momento para alcançar um equilíbrio pessoal que deve ser desenvolvido. Em regra, pessoas com uma limitação necessitam, primordialmente, acreditar. Acreditar que são capazes e ter a disposição para o esforço necessário que a vida nos exige.

Um comentário:

Francisco Amado disse...

Parabéns pelo seu portal.
A divulgação da doutrina é importante.